Ninguém vive sozinho, não é verdade? Mas você já ouviu falar em fases de amizade/relacionamento? Será que existe isso? Existe sim!
Muitos de nós, quando passamos pela adolescência, conhecíamos alguém e logo falávamos que era nosso amigo. E creio que muitos pais falaram: “Ele não é seu amigo”, “Para você todo mundo é amigo” ou “ Você não sabe o que é amizade, meu filho”. E você morria de raiva ao ouvir aquilo, porque quem fazia a experiência no relacionamento era você, e era tão intenso que sentia uma verdadeira amizade.
Vou lhe dizer que, muitas vezes, confundimo-nos nessa construção de relacionamento. Não sabemos bem o que é ser amigo ou ser colega. Você sabe qual é a diferença?
Colega são aquelas pessoas que se relacionam por uma finalidade comum, por exemplo, estudo, trabalho, vizinho. Estão juntos para realizar uma tarefa, relacionam-se bem, mas não compartilham suas vidas com intensidade, profundidade. Falam o necessário de si mesmos e não opinam tanto uns na vida dos outros.
No entanto, alguns colegas, com o tempo, começam a se identificar um pouco mais com o modo de vida um do outro, partilham mais de suas vidas e, a partir daí, inicia-se um vínculo de confiança. Aproximam-se mais, participam mais da vida um do outro, dão palpites, ouvem críticas… Tudo isso são sinais de que se constrói ali uma amizade. É como se subisse de estágio, deixasse de ser colega e passasse a ser amigo. Nessa nova relação de amizade que surge existe também, de forma implícita, um contrato, um limite pré-estabelecido.
Você já percebeu que em uma amizade nós sabemos exatamente até onde podemos ir? O que podemos falar, o que fazer. Mesmo que sejamos muito amigos, existem essas regras que não verbalizamos, mas que, com o tempo, percebemos que existem. É muito importante compreendermos essa diferença de quem são nossos colegas e quem são amigos. Colegas são aquelas muitas pessoas que passam por nossa vida e nos ajudam, de alguma forma, a construir alguma coisa legal. No entanto, amigos verdadeiros não serão muitos.
São poucas as pessoas que nos conhecem e que nós conhecemos, principalmente por se tratar de uma relação intensa e desgastante. Não somos como a música de Roberto Carlos, que fala que temos um milhão de amigos. Não temos e não podemos nos frustrar por não atingir um numeroso grupo de amigos, pois amigos verdadeiros não temos mais do que cinco.
Qual é o ponto mais alto de uma amizade?
Pare e nomeie, neste momento, seus amigos. Eu me refiro a amigos verdadeiros, que sabem dizer quem você é na sua verdade. Aquele amigo que o conhece só de olhar para você ou ouvir a sua voz; que possui um grau de intimidade tão grande, que pode até mesmo sentir o que você está sentindo. Este é o ponto mais alto de uma amizade, onde não há fusão de pessoas, mas um relacionamento íntimo e uma comunicação assertiva, que o faz sentir saudades quando está minimamente longe da pessoa, porque a ama, mas a deixa livre pelo mesmo amor.
Assim como Jônatas e Davi viveram: “Então, Jônatas disse a Davi: Vai em paz. Ambos juramos em nome do Senhor, dizendo: “O Senhor estará entre mim e ti, entre minha descendência e tua descendência para sempre” (1Sm 20,42).
Desejo a você crescer em seus relacionamentos, desgastar-se naqueles que lhe são essenciais e chegar à riqueza das grandes amizades que Deus tem para você. Não tenha medo! A amizade vale a pena. Mesmo que doa e arranque pedaço! Se for para o amadurecimento psicológico e Deus estiver nesta amizade, valerá a pena. Ame e seja amado! Conheça e deixe-se conhecer por seus amigos.
Aline Rodrigues
Psicóloga com especializações na área clínica e empresarial
Publicado em: Cancaonova.com