Terei desaprendido a estar em casa?
É preciso recuperar a sabedoria e o gosto de estar em casa.
Parece que entramos num mundo de desconhecidos e estrangeiros que se sentam à mesa aguardando que lhes tragam por entre guardanapos e talheres uma promessa devida. Como se a família fosse um agregado e o irmão a hipótese de um parentesco.
De irmãos passamos a hóspedes numa família pouco hospitaleira e agora de receio hospitalar.
Deixamos de ser pares. Somos vizinhos da própria família. Os quartos passaram a moradias.
Talvez esteja a faltar um tédio saudável para tornar razoável esta relação.
Como se da sala de estar vivessem os finos, tremoços e imperiais e não houvesse no brinde o que nos resta de uma festa.
Que este tempo de regresso a casa reabilite o hábito e a habitação daquilo que um nos inscreveu na biografia.
Sejamos pois gratos àqueles que viermos a encontrar e a tropeçar na própria casa. Não são nossos vizinhos. É a própria família.
P. Nuno Branco, SJ