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Santuário Arquidiocesano São Judas Tadeu

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Sabedoria é uma dessas palavras incertas, sobre as quais cabe o que Sto. Agostinho dizia do tempo: se não me perguntam o significado, sei bem do que se trata, mas, se me perguntam, já não sei. E, por isso mesmo, vale uma conversa. Sabedoria parece coisa antiga, ligada à simplicidade, distante das formas contemporâneas de conhecimento. De alguma forma, esperávamos que a ciência, na variedade de suas formas, desempenhasse melhor as funções antes atribuídas à sabedoria. E continuamos esperando. Entretanto, já que a palavra persiste, e dado que nenhuma cultura conhecida prescindiu da experiência que chamamos sabedoria, talvez a sua remoção seja mais difícil do que sem pensa. Sem a intenção de ir muito longe, o que se pode entender, entre outras coisas, como sabedoria? Sabedoria decorre, acredito, do fato de que entre nós e a existência o vínculo não é imediato e nem natural. Decorre igualmente da percepção de que nem todos os caminhos são equivalentes e que a salvação e a perdição – termos aqui usados numa dimensão puramente humana – são destinos em quase tudo desiguais.

A vida é opaca, a compreensão é um ofício trabalhoso e a nós cabe um esforço permanente de decifração. Podemos, é claro, prescindir desse horizonte e nos atermos à sedução do aqui e do agora, até mesmo porque a demanda pela sobrevivência é aguda. Mas em meio às atribulações permanecem as grandes questões – o amor, a coragem, a alegria, a justiça, a beleza, a verdade, a dor, a morte – e a elas também pertencemos. Sabedoria é, nesse cenário, o esforço, sempre retomado, de construir um espaço simbólico que torne a vida uma experiência da qual o Sentido nunca se ausente inteiramente. Longe da sabedoria, devorados pelo que é mais imediato, estaremos condenados à inanição simbólica, tão devastadora quanto a inanição física. Longe da busca de Sabedoria estaremos exilados de nós mesmos.

Para refletir:
Aventurar-se causa ansiedade, mas deixar de arriscar é perder-se a si mesmo. Aventurar-se é tomar consciência de si próprio. (Kierkegaard)

 

Ricardo Fenati
Centro Loyola

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