Não sei se nos falta tempo ou vontade.
Não sei se somos do Céu ou daqui.
Não sei se temos, assim, tantas certezas.
Não sei se nos falta saber parar ou ter coragem para o fazer.
Não sei se as vitórias compensam as perdas.
Não sei se queremos estar presos ou ser livres.
Não sei se gostamos assim tanto do lugar onde estamos.
Não sei se o mundo mudou ou se fui eu.
Não sei se as pessoas mudaram ou se fui eu.
Não sei se me fizeram mal ou se fui eu.
Não sei se me deram esperança ou se fui eu que a quis ter.
Não sei se somos assim tão inofensivos.
Não sei se não teremos, ao nosso alcance, tudo o que precisamos.
Não sei se não seremos peritos em inventar desculpas.
Não sei se acreditamos de verdade ou se andamos a enganar-nos.
Não sei se tenho medo ou se é receio.
Não sei se me alimento de sonhos que nunca vão ser meus ou se os cortei pela raiz.
Não sei se me despedi como devia.
Não sei se cumprimentei como devia.
Não sei se entrei na vida de quem entrei como devia.
Não sei se devemos voltar aos lugares onde fomos felizes ou se devemos pintar outros.
Não sei se somos silêncio ou barulho.
Não sei se somos calma ou tormenta.
No fundo, não sabemos nada. Mas gostamos de fazer de conta que sim.
Marta Arrais | iMissio