Será que você consegue responder essa pergunta? De fato, será que tem feito alguma coisa para modificar situações ou realidades que o incomodam mais do que deveriam incomodar? É interessante pensar que, por muitas vezes, nem conseguimos identificar o que nos gera incômodo, desconforto e até mesmo sofrimento. E este é o primeiro passo. Para decidir mudar e fazer alguma coisa na sua realidade, para que sofra menos, precisa, no mínimo, reconhecer que esse cenário existe.
Qual cenário? De que existe algo bem pontual que tem sido motivo de sofrimento na minha vida; e não mais ficar preso em falas como “tô angustiada, mas nem sei porquê! ”, “a vida tá difícil e não sei nem por onde começar a mudar”, “preciso fazer valer a pena o que, de fato, é importante na minha vida, mas não sei como” e tantas outras situações.
Quer saber a verdade?
É chegada a hora de sair do lugar de vítima! O primeiro ponto é este: reconheça e assuma que, na sua vida, quem define este lugar é você, e não a sorte, azar ou alguém, mas única e exclusivamente você! Pare de ter pena de você! Vou fazer com você um caminho muito simples, para auxiliá-lo a enxergar e identificar tais situações e, posteriormente, mudar o que realmente for preciso.
Anote em um papel todas as situações que vierem a sua mente, que tem gerado um certo desconforto ou até mesmo sofrimento psíquico. Depois, hierarquize em uma escala de maior sofrimento/incômodo ao menor, colocando os números 1,2,3… Agora, veja todas as realidades inseridas nesse papel, quais competem a você e quais não pertencem a você. Separe o que é seu problema e o que é problema do outro. Saber separa as suas escolhas das escolhas dos outros é uma grande chave para obter vida psíquica saudável no mundo atual. Pois, muitas vezes, um sofrimento é instalado em nós, que nem sequer nos pertence, mas sim à escolha do outro! Faça essa experiência, avalie o que é seu e o que é do outro.
Posteriormente, retire as situações que são suas e, de forma racional, veja o que é de fato real e o que é imaginário. O que é isso? Avalie, de forma consciente e madura, até onde a situação que lhe tem afetado tanto existe e é um problema, ou se ela é fantasiosa, mais fruto do meu imaginário, do que é real.
Por fim, se tiver sobrado alguma coisa, que seja sua e não do outro, e que seja real e não imaginária, veja o que pode ser feito para modificar essa situação ou se é você quem precisa mudar a forma de olhar e reagir àquele problema. Há coisas que competem a nós. Por exemplo: se eu tiver com algum grau de obesidade, o problema é meu e é real, e só depende que eu faça alguma coisa para mudar essa realidade.
No entanto, se estou casada com um homem obeso, o problema é dele e não meu, mas é real. E o que cabe a mim é favorecer o ambiente de casa, para que o auxilie no emagrecimento, porém, não conseguirei monitorá-lo 24 horas nem o impedir de comer. Nesse caso, o que eu preciso fazer é mudar a minha forma de enxergar e reagir a essa realidade, porque ela está próxima a mim, mas não me pertence, não posso me culpar diante de uma escolha que é do outro e não minha!
Ter clareza das realidades que nos afetam é libertador, pois revela para nós que, muitas vezes, sofremos por situações que nem nos pertencem. Esse passo a passo descrito aqui não resolverá seu problema, pois seria reduzir muito o ser humano, mas já serve como luz para enxergar um caminho a percorrer. Pois ela é uma das inúmeras formas que podemos conduzir uma pessoa a reconhecer e enfrentar o que, de fato, são seus problemas e sofrimentos.
Aline Rodrigues
Psicóloga com especializações na área clínica e empresarial
e pós-graduada em Terapia Cognitiva Comportamental.