«Não sei o que pensará o mundo de mim. A mim parece que fui só uma criança que brinca à beira-mar e se diverte a encontrar de vez em quando um seixo um pouco mais liso ou uma concha um pouco mais graciosa do que o habitual, enquanto que o grande oceano da verdade se estende inexplorado diante de mim.»
Assim, perto do final da vida, o grande cientista Isaac Newton (1642-1727) olhava a vida de estudioso tinha atrás de si, ciente de ter descoberto apenas uma pequena porção periférica daquele «grande oceano» que é a verdade.
Este foi, sem dúvida, um ato de humildade que se adaptava bem a um autêntico génio, capaz de sentir quão imenso é o horizonte que escapa até mesmo às poderosas antenas da sua inteligência.
Eu, no entanto, gostaria de sublinhar dois outros aspetos, talvez secundários mas significativos, na declaração do descobridor da lei da gravidade.
Por um lado, há a representação do estudo como uma procura serena e alegre de beleza: o seixo mais polida ou a concha mais graciosa são o sinal de uma harmonia mais geral que rege o que chamamos com a palavra grega “cosmo”, isto é, um todo ordenado e admirável. É isto que por vezes falta à procura comum e mais simples.
Por outro lado, Newton é retratado como uma criança totalmente envolvida na paixão do jogo, da fantasia e do espanto. Este é outro elemento que muitas vezes falha no estudo dos jovens.
Afirmava outro grande cientista, Albert Einstein: «Há uma paixão pela compreensão, assim como existe uma paixão pela música. É uma paixão muito comum nas crianças, mas que depois a maioria dos adultos perde. Sem ela não haveria nem a matemática nem as ciências».
Redescubramos para nós mesmos e eduquemos os nossos filhos para essa paixão que neles floresceu naturalmente, mas que depois murchou.
P. (Card.) Gianfranco Ravasi