Uma das cenas mais belas do Cristo ressuscitado é o seu encontro com os discípulos de Emaús – antigos amigos que abandonavam Jerusalém, depois da crucifixão, que seguiam cabisbaixos, achando que tudo estava perdido, e que, a princípio, não reconhecem o Cristo quando Ele começa a caminhar com eles. Interpretando este episódio do Evangelho, escreve o padre Álvaro Barreiro, em “O itinerário da fé pascal” (ed. Loyola):
“Só aquele que disse “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, só aquele que disse “Eu sou o pão da vida eterna, eu sou a água viva”, pode iluminar a nossa inteligência, fazer arder o nosso coração e operar uma verdadeira conversão em nossa vida. Depois de vir ao nosso encontro, de dialogar conosco, de cativar-nos, de alimentar-nos com o pão da palavra e com o pão repartido, o Amigo nos remete à companhia de seus amigos, o Mestre nos faz voltar para a comunidade dos seus discípulos.
“A convivência com o Senhor ao longo do caminho e a escuta prolongada de suas palavras não só iluminam nossa inteligência e dão um sentido novo aos acontecimentos, mas fazem “arder nosso coração”.Este dado, sublinhado pelo evangelista, é extremamente importante para todos os que querem ser discípulos de Jesus. Com efeito, no caminho do seguimento de Jesus, nos defrontaremos uma e outra vez com fatos, situações e acontecimentos tão terríveis que não poderão ser entendidos nem aceitos por nossa lógica. Só poderão ser compreendidos por um coração que, aquecido pelo amor, compreenderá as “loucuras” do “amor louco” de Deus. E, consequentemente, será também capaz de amar, fazendo “loucuras” por amor”.
Luiz Paulo Horta (Em memória)