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Não fales do que não sabes!

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Já reparaste no quanto gostamos de dar opiniões? Adoramos dissertar sobre qualquer assunto. Comportamo-nos como se soubéssemos (sempre) tudo sobre todos. Gostamos de acreditar que os outros prezam as nossas opiniões e os nossos julgamentos. Na verdade, nem todos apreciam assim tanto que se fale à toa sobre o que não se sabe ou sobre o que não se quer saber.

Mas, afinal, o que nos leva a ser peritos em tecer comentários sobre a vida e as escolhas alheias?

Às vezes, é uma vontade irreprimível de ouvir a nossa própria voz. Somos tão centrados em nós que não conseguimos, simplesmente, ouvir quem nos fala. Interrompemos, acrescentamos, rebatemos, debatemos e, finalmente, discordamos. Sem muitas vezes nos darmos conta, é demasiado tarde: já deixamos cair a nossa humildade e já mudamos o nosso nome para Chico, de apelido Esperto.

Será que já ponderamos que os outros podem não querer ouvir a nossa opinião? Mais ainda, costumamos perguntar aos nossos interlocutores se desejam ser brindados com a nossa inegável sabedoria?

Interessa-nos pouco o que os outros fazem. Interessa-nos mais o que é que isso diz sobre nós ou sobre a nossa vida. Nem sempre lidamos bem com as escolhas dos outros porque, simplesmente, não foram nem são as nossas. Nem sempre aceitamos as decisões que os outros tomam porque, na realidade, não temos coragem para tomar decisões iguais.

Mais vale falar menos. Ouvir mais. Ouvir melhor. Receber com alegria as partilhas que os outros querem fazer conosco. Sem lamentar, sem comentários depreciativos e desinformados, sem teorias de bolso que desenvolvemos por termos pouco que fazer ou por termos pouco interesse em olhar para a nossa vida de frente.

Não fales do que não sabes. Investiga primeiro. Pergunta. Mas tenta perguntar como quem quer, realmente, saber e não como quem já está pronto a revirar os olhos à primeira palavra que saia da boca do outro.

De vez em quando, e sempre que puderes, cala-te um bocadinho, sim?

Marta Arrais | iMissio

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