O medicamento é uma tecnologia fascinante. Ajuda a ajustar problemas no organismo e cada um atua à sua maneira. Existem remédios que imitam produtos de órgãos do corpo em falta, como, a insulina usada para controlar o açúcar e evitar as consequências da diabetes. Já outros, ao invés de substituir uma substância reduzem a produção, como o omeprazol faz com o ácido no estômago. Eles podem ser prescritos simultaneamente com segurança, mas isso não ocorre sempre. Um pode afetar o funcionamento do outro. A isso chamamos de Interação Medicamentosa. Quanto mais medicamentos são usados ao mesmo tempo, maior as chances de intoxicação. Em idosos a condição pode ser ainda mais grave. A capacidade de metabolismo é reduzida e o cuidado deve ser redobrado. Vamos entender o porquê.
Uma vez o remédio ingerido, a substância terapêutica será absorvida pelo nosso organismo como o alimento. Ela circula por todo o corpo na corrente sanguínea até chegar no local a ser tratado. Por exemplo, a digoxina atua no coração e controla batimentos cardíacos, o citalopram age diretamente no cérebro e controla o humor. Porém, outros órgãos também estão sujeitos ao medicamento, inclusive, podem afetar o funcionamento deles. Se dois remédios atuarem no mesmo lugar um pode cortar ou aumentar efeito do outro. Imagina um antibiótico que não ataca a infecção ou um anti-inflamatório que pode causar efeitos indesejados, aumentados por causa do uso de outra substância?
Uma forma de evitar interações é espaçando o tempo entre as tomadas dos diferentes medicamentos de acordo com cada tratamento. Eles não agem o tempo todo no órgão em que estão. Assim, se dois remédios forem afetados pelo estômago, o intervalo pode ser aumentado. Outro lugar de relação é o fígado, um grande ponto de encontro das substâncias terapêuticas ou dos alimentos que circulam no sangue. Nele, duas delas podem concorrer para serem transformadas e então eliminadas na urina pelos rins. Um medicamento pode fazer com que outro seja eliminado antes do tempo ou se concentrar e agir com mais força. Por isso, nem sempre mudar a hora de tomar o remédio é a solução, sendo necessário trocar um deles.
Por essas razões, sempre que estiver fazendo uso de dois ou mais medicamentos informe ao profissional de saúde antes de aceitar novos tratamentos. O especialista em medicamentos, efeitos e interações adversas é o farmacêutico clínico. Procure esse profissional que pode ser encontrado em Centros de Saúde ou em Universidades.
Felipe Ferré
Farmacêutico – CRF 21.451