Disse Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá”!
Queridos irmãos, o tema sobre a morte é desafiador e nos traz dificuldades literárias para expressar esse momento. Não existem palavras que expliquem esse fato a não ser no campo da fé. Por isso, Jesus chama para si a expressão mais sublime e completa desse sentimento: “Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá”!
Morrer é apenas uma “curva” do sentido mais puro de viver. É passar a experimentar o outro lado de uma vida gloriosa, que acreditamos ser a continuidade desta vida terrena. Não temos nenhuma imagem ou figura moderna que possa expressar como é esse mundo glorioso, porque ele acontece na dimensão da fé: é algo espiritual em que acreditamos e que podemos até mesmo imaginá-lo, mas não sabemos como ele se configura concretamente. Cremos que se trata de uma dimensão aconchegante para aqueles que finalizaram esta vida terrena e que passam a configurar e habitar na dimensão da vida eterna, onde repousam no seio do criador até que a ressurreição definitiva aconteça através de Jesus Cristo.
O que aprendemos sobre a morte tem como fundamento as experiências nas perspectivas “do viver”. Portanto, a morte se trata do fim da atividade consciente e inteligente da pessoa. É o fato real em que uma pessoa deixa de existir por entrar numa situação de inconsciência e ficar imóvel, sem o sopro ou suspiro de vida. Essa situação faz o corpo físico entrar em estado de inoperância, considerado como “ação de inexistência”. Do termo grego “Thanatós” – significa “separação”. É quando o corpo que antes agia, pensava e respirava, ao passar pela morte separa do ato de movimentar, pensar e agir. Não existe mais enquanto ação consciente. Cessa completamente o ciclo da vida terrena. No Cristianismo essa pessoa passa a pertencer à dimensão divina: da ressurreição na vida eterna. Não temos como experimentar esse outro lado da vida eterna numa dimensão “Escatológica” – acerca das coisas que hão de suceder depois do fim da vida.
A morte é, então, a consequência da sensação única de viver. É o estágio da despedida física e corpórea. Porém, a história espiritual daquele que partiu pode continuar presente na história humana através do memorial dos exemplos deixados, dos ensinamentos, gestos de vida, nas vitórias, fracassos e experiências que ficam marcadas e registradas na vida daqueles que ficaram. Esses momentos podem ser eternizados quando a família e amigos divulgam e repassam as experiências deixadas pelo “finado”.
Para o cristão, Jesus sabiamente expressou essa questão ao afirmar: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá”! No Cristianismo ensinamos que as pessoas que amamos muito, e que foram protagonistas no projeto de vida de Deus, que foram sinais do amor humano, exemplares na conduta e comportamento, praticantes dos ensinamentos de Jesus, quando chegam o seu momento final de vida e passam pela morte, na verdade elas não “morrem”, fazem apenas uma “passagem” do ciclo de vida. Mudam do plano físico e terreno para o estágio glorioso, em Deus. Passam a pertencer ao outro lado do “caminho”. Mas continuam a existir de forma “encantada” nas consciências dos que ficaram neste mundo. Elas deixam uma enorme saudade. Fica um vazio inexplicável que somente o tempo pode ajudar a compreender esse mistério humano de viver na inexistência.
Por isso, refletir sobre a morte é proporcionar possibilidades para nos educar sobre o sentido e valor de viver a vida com dignidade e respeito. A iminente possibilidade de pensar que a qualquer momento vamos morrer é que nos chama a atenção para analisar sobre o sentido da vida.
Que cada morte possa ser tratada como um aprendizado para nos alertar e ensinar os verdadeiros caminhos de superação da dor, do sofrimento e de como valorizar a importância de preservar a vida. Se “Ninguém quer a morte, só saúde e sorte”, como nos diz o poeta, por isso é que precisamos tomar cuidados no modo de “viver, para não ter a vergonha de ser feliz”, o que acaba ocorrendo quando não somos responsáveis com nossa própria vida.
Como “a morte é algo inevitável”, que ela aconteça no seu tempo correto, no final de um ciclo natural e de uma forma digna. Não podemos interferir na dinâmica do ciclo da vida. Ninguém pode antecipar de forma egoísta e cruel a morte de outrem. Nossa missão é tratar a todos com respeito, dignidade e amor, como nos ensinou o Mestre Jesus: pratique “o amor que é paciente, bondoso; um amor que não é invejoso, que não é arrogante e não se ensoberbece,que não é ambicioso e nem busca os seus próprios interesses, que não se irrita e nem guarda ressentimento pelo mal sofrido; ele não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. Quem acredita e pratica esse tipo de ensinamento cristão contribui com o sentido de uma vida eterna, que não produz sofrimento, destruição e morte. Lembre-se de que a vida é o maior presente que recebemos e deve ser valorizada.
Padre Gleición Adriano da Silva
Paróquia Maria, Serva do Senhor