Hoje, a paz saiu às ruas de braços abertos. O amor ardia em seus olhos e indicava o caminho por onde a vida ganha sentido. Chegou ao parque para aprender, com as crianças, a arte de ser leve. Aproveitando o frescor desse encontro, foi de coração puro ser brisa suave nos leitos dos hospitais. Em seguida, abençoou os moradores de rua, soprando melodias de céu nos ouvidos daqueles que ousam a ter esperança. Ainda estufou o peito como balão inflado, para que a poesia tomasse o lugar dos cenários de guerra. É música nos lábios de quem profere a gentileza. É abrigo, colo aconchegante, mesa farta, grito de comunhão.
Bem-aventurada é a paz, porque desfruta da graça de ser livre, inclusive, dos preconceitos. Porque não se intimida com a fragilidade do mundo, mas continua tecendo sonhos por onde passa. Porque se estremece com a injustiça e se extasia com a bondade irradiada nos gestos cotidianos. Porque abre trilhas para a fé encarnada, indicando que a solidariedade pode mudar as estruturas mortíferas e excludentes. Porque é acessível a todos que desejam acalentar a alma de eternidade.
Desde sempre, ela me pede atenção. É presença demorada, mistério de visitação. Desejo íntimo em um quarto escuro, ansiando por um facho de luz. A paz é hospedadora da alegria genuína que colore a realidade. Ocupa espaços vazios, ganha os horizontes de ternura. É aventura amorosa, dirão alguns: “- é loucura!” Mas, na verdade, a pureza que emana de nossas entranhas é a paz e, inevitavelmente, suas mãos humanas!
Samantha Guedes Barbosa
Coordenadora da Pastoral da Cultura