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Santuário Arquidiocesano São Judas Tadeu

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Há dias secos. Somos um corpo que anda baseado num algoritmo confortável que não sai do caminho. Não olhamos para lado nenhum. Não vemos que as árvores dançam indiferentes ao ritmo da cidade, indiferentes a uma qualquer preocupação. “Será que vou conseguir? Será que vão olhar para mim?”. Não. Elas dançam despreocupadas, despidas de uma qualquer pretensão por mais. Elas aceitam o vento e, oferecendo-lhe a folhagem esperançosa, calmamente se desvanecem aceitando um destino levemente soprado. Nestes dias secos, não olhamos as nuvens. Elas não se apressam nunca. Caminham levemente desenhando no céu as aventuras de outros tempos, contam histórias que embalam as almas das crianças novas que residem na terra, pintam heróis, narram tragédias, representam vidas. Elas passam, sem pensar se chegam a onde querem chegar, talvez se evaporem no caminho, mas estão presentes a cada momento, sempre caminhando, sem nunca duvidar se deveriam antes ir para ali ou para aqui. Oh, que nuvens, que céu. Nós, nos dias secos, preocupados e tão apressados, apesar de nos avisarem “isso não é o mais importante”, lá vamos nós a gastar moedas da carteira da vida alarvemente sem qualquer aproveitamento. Que céu é este? Sempre diferente, sempre presente, sempre céu. Aqui tudo grita, tudo arranca cabelos, tudo desespera. Então olho para ti, ó céu, e aí estás, descansado, indiferente ao mal, à pressa, à ambição destes animais que somos.

Tanto as árvores como as nuvens, os pássaros, as cigarras, o trigo dançante, o céu, o mar, as montanhas, os vulcões, a vida desta natureza mágica, não sabe o que está a fazer. A árvore não sabe que dança, a nuvem não sabe que desenha, o pássaro não sabe que canta, o sol não sabe que ilumina. São os nossos olhos, nos dias fecundos, inundados na fonte de água viva, que trazem magia a estas coisas e as tornam vivas e mágicas. Somos nós que, quando estamos cheios, vemos a vida por dentro da vida e uma árvore fica bela, um canto de um pássaro embala e as nuvens falam.

Estes dias secos são a outra escolha de uma liberdade que só nós temos. Só nós. Obrigado meu Deus por todos os dias que nos deste, todos as vezes em que o simples acordar foi razão de surpresa para a alma. Todas as vezes que o mundo que criaste tão só para nós podermos escolher viver contigo ou não nos encheu o peito e quebrou o tempo que criamos. Que melhor casa que esta? Que melhores irmãos que estes? Obrigado pelos dias em que olhamos os outros, não como outros, mas como irmãos, quando vimos que por dentro de um olhar está uma história, uma vida, uma amargura, uma felicidade. Obrigado por nos amares tanto. São estes dias secos que me fazem lembrar que só Tu és o princípio de tudo quanto há.

Francisco Zanatti | iMissio

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