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Consciência, sentinela da liberdade, coerência, dignidade

«O maior perigo não é a tendência do coletivo de comprimir a pessoa, mas a tendência da pessoa a precipitar-se, a afogar-se no coletivo.»

Assim anotava de Londres aquela extraordinária escritora francesa que foi Simone Weil (1909-1943). Eram os últimos meses da sua vida, minada pela tuberculose e atormentada pela tragédia do nazismo, que revelava ainda o seu poder macabro.

A sua observação é significativa, porque geralmente estamos inclinados a reter que é a sociedade que escraviza e sucumbe o indivíduo, canalizando-o para comportamentos obrigatórios, forçando-o mais ou menos sutilmente a uniformizar-se ao padrão geral.

Simone Weil, ao contrário, adverte-nos de que precisamos também de ter em conta a responsabilidade pessoal, a par dessa gloriosa e perigosa realidade que nos foi dada, a liberdade individual.

É fácil dizer que a culpa é da coletividade, como não é correto referir-se simplesmente ao diabo tentador. Demasiadas vezes, com superficialidade e até com alegria, optamos deliberadamente por nos “afogarmos no coletivo”, repetindo atos e compartilhando ideias que outros nos propõem.

Não é, por isso, lícito fazer recair sempre a culpa no contexto social quando vemos o jovem desviado, nem é permitido absolvermo-nos quando nos resignamos a seguir a onda por ser poderosa.

A consciência é precisamente a sentinela que desperta a nossa liberdade atordoada e a impele a remar contra a corrente, ao mesmo tempo que mantém bem erguida a chama da coerência, da verdade e da dignidade.

P. (Card.) Gianfranco Ravasi
Trad.: Rui Jorge Martins
Publicado em: snpcultura.com.br

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