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Compreender para agir e reagir

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Ao buscar a fonte das minhas insatisfações no outro, deixo de encarar a realidade. Ao observarmos a correria cotidiana, vamos percebendo que as pessoas, de modo geral, estão cada vez mais ansiosas, irritadas, estressadas e angustiadas. Há até uma propaganda de TV que usa a expressão: “”Neura, sai fora!””. Muitas vezes, dá vontade de dizer isso mesmo. É tanta correria, que vamos nos perguntando o porquê de tanta velocidade: comemos rapidamente, queremos tudo depressa, queremos namorar logo para noivar logo e casar logo. Por vezes, nem paramos para pensar que nem tudo vem numa velocidade tão grande.

A fonte disso tudo? Muitos dizem que é a própria velocidade em que as informações se propagam. A rapidez da rede mundial de computadores agiliza nossa vida. Não sabe alguma coisa? Joga no Google. No entanto, a construção do conhecimento, aquele que adquiríamos por meio de estudos, livros e enciclopédias, os trabalhos escolares dos filhos ficam praticamente um “copiar e colar” sem fim. As escolas fazem coleção do mesmo trabalho pesquisado na internet.

Nossas justificativas para tanta correria e insatisfação? Algumas pessoas falam na falta de dinheiro, na alta do dólar, na crise no mercado mundial, no trânsito caótico, no desemprego ou excesso de trabalho. Existem outras pessoas que atribuem sua preocupação ao marido, à esposa, aos filhos, ao namorado desatento. Mas sabe a qual conclusão podemos chegar?

Sempre colocamos justificativas externas à nossa vontade e a nós. Com isso, nunca assumimos que nossa postura frente às situações pode ser diferente. Será que paramos para notar que nossa agressividade ao falar com aquele amigo pode ter acabado com nossa amizade ou achamos que é o outro que está muito sensível? Será que aquela batida de carro foi apenas culpa do motorista desatento ou eu falava ao celular enquanto dirigia, favorecendo um acidente?

Precisamos cada vez mais tomar consciência do que somos, do que geramos e das consequências dos nossos atos. Quando algo não vai bem internamente, vamos nos sobrecarregando de assuntos mal resolvidos e o resultado não é o dos melhores.

Muitas vezes, as pessoas que convivem conosco até tentam nos alertar, mas, como defesa, é muito mais simples recusarmos a verdade e fugirmos dos fatos do que encararmos a realidade e dar um passo. Nesses casos, a pessoa só percebe que não está bem se acontecer algo que a faça acordar ou se o corpo der algum sinal em forma de dor ou doença, começando uma corrida por diversos médicos. Mas para quem percebe ou não, a verdade é que a insatisfação é a mesma, é com si mesmo!

Muitos acreditam que a solução está na conquista de algo ou alguém. Quando não conseguem, a angústia se soma à frustração, gerando mais insatisfação. Assim, “a autoestima e o amor-próprio tendem a baixar e a convivência consigo chega a ficar insuportável, criando um círculo vicioso de insegurança e baixa autoestima, prejudicando ainda mais as relações externas” (Zago, R.).

Passe a analisar seus comportamentos: tenho agido por impulso, tenho ignorado as verdades por não saber como lidar com elas? Posso agir frente as minhas carências, pensamentos, dificuldades afetivas e sentimentais? Um passo interessante é apontar quais pensamentos tento ignorar e tenho necessidade de resolvê-los.

Sente-se sem forças ou incapaz de conseguir? Lembre-se das conquistas que já teve, valorize suas lutas e permita-se ir em busca de outras. Se há coisas que não dependem diretamente de você, não se martirize nem se culpe por isso.

Busque força na fé e nas atitudes, priorize situações, resolva pendências (uma a uma, passo a passo). Evite pensamentos que o tornem culpado por tudo o que acontece. Aja naquilo que depende de você, confie em Deus, mas não perca de vista a sua parte ativa na história.

Tudo posso n’Aquele que me fortalece e naquilo que me proponho a fazer diferente em minha vida. Situações difíceis sempre aparecerão, mas cabe a nós quebrar esses pensamentos de lamentação e sofrimento que apenas vão nos fazer adoecer, assim como aqueles que convivem conosco.

 

Elaine Ribeiro
Psicóloga Clínica pela USP

 

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