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Santuário Arquidiocesano São Judas Tadeu

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De certo, somente que viramos um povo chato. Ou talvez sempre tenhamos sido. Que talvez por desenho, destino ou desejo, optamos por abandonar o verniz de tolerância que a gente (pelo menos tentava) exibir por ai. Abraçamos a intolerância. E ponto.

Nada de tentar parecer cordial, hospitaleiro, tolerante. Isso é passado. E, tudo indica, distante. Todos apaixonados pela própria voz. Muita voz. Poucos ouvidos. Inteligência, nenhuma.

Faz tempo que a gente não conversa para entender. Cada som, cada palavra, cada ato, é somente para convencer. Ou melhor, converter. E, para aqueles que estão do outro lado da conversa, resta somente a rendição. Ou o combate sem tréguas.

Controlar chatos nunca foi ciência exata. Sempre foi arte. Mas já foi mais fácil. Chatos e chatice estavam quase restritos a contatos sociais que, por escolha, poderiam ser ocasionais. Bastava evitar ou sofrer um pouco com a presença desta gente que aos outros encurralava nas festas, ou nas mesas de bar. Era ruim, mas passara. E, melhor de tudo, dava para evitar.

Não é mais assim. Graças à mídia social. Agora, acabou a distancia entre o pensamento e a publicação. Protegidos às vezes pelo anonimato, mas sempre pela frieza da tela, abusa-se do privilégio de falar. Talvez porque não ser compreendido tenha deixado de ser importante. E foi assim que os chatos venceram. E a chatice invadiu tudo.

Agora, todos falam o que desejam sem prestar atenção àquilo que não sabem. Ideias dissonantes são rapidamente combatidas. Aqueles que discordam, rotulados. Com rótulos de todo tipo, desde que seja depreciativo. Ou que sirva para denegrir e destruir reputações e credibilidade. E, se os rótulos não funcionam, vale a ofensa. Nada como violência verbal para destruir comunicação. Funciona mesmo. E, por funcionar, é utilizada a exaustão.

Preferimos perder amigos, brigar com a família, destruir relações a dar o braço a torcer. Impor as próprias ideias é tudo o que importa. Em qualquer circunstancia e ao arrepio dos fatos. Realidade, afinal, não tem mais valor. Apenas o gogó conta. E haja gogó.
Passo a passo, fomos abraçando a chatice. Brigamos com a vida. Ensurdecemos. Embrutecemos. Convivemos com a ignorância. Desaprendemos a sorrir. Quando rimos, é da destraça alheia. Acima de tudo, chatos.

Elton Simões
Mora no Canadá. Formado em Direito (PUC); Administração de Empresas (FGV); MBA (INSEAD), com Mestrado em Resolução de Conflitos (University of Victoria).

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