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BURNOUT: A SÍNDROME DO ESGOTAMENTO PROFISSIONAL

De repente, alguns sintomas começam a aparecer: um cansaço que não passa depois de uma noite de sono, alterações no humor que variam entre uma tristeza profunda, irritação, agitação e atitudes que usualmente não fazem parte da pessoa. Há uma falta de sentido na vida e ainda outros sintomas.

A Síndrome de Burnout, ou Síndrome do Esgotamento Profissional, tem sido estudada, desde 1960, e confunde-se com uma diversidade de quadros emocionais. Burn quer dizer queima e out exterior. Podemos fazer a correlação com um pavio que se queima até esgotar completamente. O estresse no ambiente profissional é uma realidade que quase todas as profissões e mercados sofrem e, ao passarmos por um acúmulo de tarefas, excesso de cobranças e de atividades, uma boa dose de perfeccionismo e a falta de outras atividades que gerem prazer.

Duas situações são observadas nas pessoas que passam por esta situação: o absenteísmo, ou seja, a ausência no trabalho para a busca de tratamento médico, exames, psicoterapia entre outros; e o presenteísmo, ou seja, a pessoa que está presente no trabalho, mas que se percebe com uma redução drástica em sua produtividade e numa situação de “mente distante” da realidade onde se encontra.

Estudos realizados pela Universidade de São Paulo, no Instituto de Psiquiatria, revelaram que a necessidade de controle das situações, a falta de paciência e dificuldade para tolerar frustrações ou delegar tarefas, e o trabalho em grupo, contribuem para o quadro de esgotamento. Quando há sentimento de injustiça, falta de participação nas decisões e de apoio, conflitos com colegas podem agravar o quadro. Rever as situações profissionais e como elas são encaradas, é um passo bastante importante.

Como diagnosticar e tratar?

O diagnóstico deve ser feito com a visita de um médico, com a avaliação do estilo de vida da pessoa, de sua profissão e da forma como ela lida com suas emoções.

Os sintomas característicos desse problema estão relacionados ao cansaço, aos distúrbios do sono, dores na musculatura e também dores de cabeça, baixa qualidade no sono (dormir mais horas ou menos horas do que o necessário), alteração do apetite, dificuldade para iniciar uma atividade, percebe-se alterações no humor, com irritação, tristeza, alterações constantes. A produtividade de uma pessoa que passa por essa situação cai de forma perceptível. Há ainda a tendência ao isolamento social; com isso, a pessoa pode ficar ainda mais triste.

É comum associar esse quadro à depressão, por isso o diagnóstico é essencial, para reconhecer o que, de fato, possa acontecer com aquela pessoa. Nem sempre, por exemplo, as férias poderão aliviar tal quadro, mas a melhora virá de mudanças em todo contexto profissional, na avaliação da qualidade de vida.

As alterações hormonais provocadas pela irritação, podem produzir efeitos em todo nosso organismo, desde a pressão arterial, diabetes, doenças do coração, dentre outras. Ou seja, trata-se de um quadro que requer observação, pois pode comprometer o bem-estar das pessoas.

Será muito importante que a pessoa possa mudar seu estilo de vida, reduzir o ritmo de vida, passar por psicoterapia, associando um retorno gradual às atividades, associando, sempre que possível, atividade de física e atividades de lazer bem como uma revisão dos hábitos alimentares e de outras atividades que não apenas o trabalho.

Como evitar?

– Tenha outras fontes de satisfação além do trabalho: descubra gostos, hábitos, animais de estimação, um encontro com amigos, sair (para um lugar que não seja um shopping, por exemplo, onde os estímulos são excessivos e a pressão por compras é grande).

– Avalie como tem conduzido seu dia de trabalho: O que lhe atrai no emprego atual? Vê possibilidade de mudança ou ainda pode mudar sua forma de relacionar-se com as pessoas deste trabalho e suas percepções sobre as dificuldades. Se pensa em mudança de empresa, organize esta transição, preparando seu currículo e avaliando as possibilidades.

– Como é sua visão sobre as situações? Por vezes, valorizamos apenas os aspectos negativos de uma situação. Treine também a visão sobre o que você tem vivido de bom.

– Tem mantido uma rede de relacionamentos? É muito importante manter contatos profissionais e estar atento às possibilidades de trabalho e de capacitação.

– Tenha regularidade nos horários: alimentação, sono, trabalho, lazer. Todas essas questões devem ser organizadas em sua vida. A falta de rotina para necessidades básicas faz com que nosso corpo entre em crise. Reveja sua rotina diária.

– Observe-se: é muito importante observar os sinais que seu corpo está dando, e, sempre que possível, receber orientação médica para sintomas que podem estar associados a problemas cardiológicos, endocrinológicos entre outros.

– Atividade física, por mais simples que seja, auxilia muito nos estados de cansaço, auxiliam no metabolismo e na circulação.

– Conte com amigos, com a família, com a prática de espiritualidade, pois todos esses apoios são essenciais.

Nossa saúde emocional e física é essencial para que nossa atividade profissional e demais áreas da vida possam ser realizadas com sucesso. Portanto, rever nossos hábitos, nossa forma de conduzir a vida e nossos relacionamentos é essencial para uma vida saudável.

Elaine Ribeiro
Psicóloga Clínica e Organizacional

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