Comportamo-nos, nestes dias, como se o mundo já tivesse acabado. O pessimismo (mais do que compreensível) leva-nos a perder o Norte, o Sul, e toda e qualquer direção. Há momentos do dia em que somos brindados com pensamentos perigosos: e se isto não acabar? E se eu fico doente? E se alguém que eu gosto fica doente? E se eu não consigo ficar assim fechado este tempo todo? E se nunca mais sairmos de casa?
Quando entramos nessa espiral, é difícil retomar a corrente boa do rio. Mas é possível. Quando começarmos a pensar nos “nunca mais” e nos “para sempre” é altura de parar. De contrariar o que se está a pensar e de relativizar esses extremos do sempre e do nunca. Talvez possamos dizer-nos, baixinho, que nada é para sempre e que o nunca mais é muito tempo. Calma. O mundo ainda não acabou.
Estamos a viver o desconhecido como protagonistas.
Estamos mergulhados num cenário apocalíptico que julgamos ter já visto nos filmes.
Estamos a perder a paciência por não sabermos lidar com tudo o que está a acontecer.
Estamos a perder a esperança porque ninguém parece querer fazer-nos acreditar nela.
Estamos a ouvir notícias de morte a cada minuto. A ler notícias de pânico e de sofrimento a cada momento.
Mas…espera um pouco. O mundo ainda não acabou nem vai acabar assim. O desconhecido acaba por se tornar familiar quando começamos a vivê-lo. O cenário apocalíptico, mesmo no final do filme, acaba por ser revertido num volte face estupendo. A paciência é como um elástico. Se a perdemos agora, ela há-de voltar outra vez. A esperança… essa… ninguém ta poderá tirar. Só se quiseres. Só se deixares.
O mundo ainda não acabou. Ainda nos falta viver tanta coisa. Quase tudo, até. O que vivemos até aqui ainda não foi nada e, depois de tudo isto passar, vamos aprender a viver tudo melhor, com mais intensidade, com mais alegria, com mais amor.
O mundo ainda não acabou. Ainda nos estremece nas mãos, à espera que sejamos, também, protagonistas do seu salvamento.
O mundo ainda não acabou. O fim não será aqui. Tudo isto é só o princípio. Só pode ser.
Marta Arrais | Cronista
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