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Santuário Arquidiocesano São Judas Tadeu

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Algumas pessoas prestam ajuda com o objetivo bem definido: ter reconhecimento dos outros, estar em evidência e, consequentemente, continuar no mesmo padrão de comportamento autorreferencial. Qual o sentido desta conduta para a própria alma, para o crescimento pessoal? Esta reflexão é um convite para questionarmos nossa própria vulnerabilidade em agir de maneira semelhante, mesmo que numa escala menor. Tomar consciência de nossos comportamentos gera mudanças em nós e nas nossas relações.  A ajuda pode diminuir a dor, quando o ajudador é solidário, mas pode aumentá-la, quando o ajudador expõe o outro. Será que sem perceber nos colocamos, algumas vezes, como agentes de sofrimento quando ajudamos alguém?

É difícil imaginar que ao ajudar podemos estar aumentando a dor da pessoa.  No entanto, o apoio não precisa, por exemplo, estar acompanhada do conhecimento de toda rede social, dos vizinhos, dos membros da família, dos colegas de trabalho. Ajudar de verdade exige discrição. O prazer experimentado, o do reconhecimento, é muito efêmero. Mas no outro, a dor da humilhação, da vergonha e tristeza pode ser duradoura e silenciosa.

Insistir em se fazer notado é um comportamento que favorece a permanência na superficialidade e fortalece a imensa fragilidade que habita atrás da arrogância. Quem assim age, vê na ajuda prestada a oportunidade de ser protagonista, de estar presente, usando o outro para se destacar e dessa forma se sentir melhor. Voltado somente para si mesmo, manifesta sua pouca sensibilidade, desconhece o sofrimento que pode estar impondo ao outro, que já sente ferido em sua dignidade. Assim,  por alguns momentos está ridiculamente empoderado! Voltado para si nem consegue perceber que até um observador menos atento, vê sua triste atitude e intenção.

No auxilio que pode diminuir a dor, o ajudador reconhece na medida certa a sua participação, administra bem sua vaidade. Sabe que é uma ação praticada na gratuidade e sendo assim, quem recebe esta assistência, reconhece o afeto de quem o está ajudando e sente-se valorizado. Recebe também a força para superar a dificuldade momentânea, a confiança e sobretudo a esperança.

 

A indigência material ou emocional de alguém convoca-nos a ajudar com o coração e a crescer interiormente. Ele, o necessitado, está nesta posição como artesão na educação da nossa humanização, do nosso crescimento pessoal e elevação espiritual.  Nesta perspectiva, o pedinte não está numa situação inferior. Ele está naquele momento, junto de seu enfrentamento da condição crítica que experimenta, contribuindo para a nossa formação mais humanizada. Somos neste sentido, tão necessitados, tão pobres quanto àqueles que solicitam nossa ajuda. Por meio dele, nos educamos na solidariedade e na arte de ajudar sem humilhar. Para isso, precisamos livrar-nos da publicidade de nossas ações, desapegar da nossa suposta posição superior e, sem artificialismos, domarmos a necessidade de fazer daquele ato uma autopromoção.

Que Deus nos inspire para ajudarmos com efetividade e afetividade, porque por mais que tenhamos algo de concreto para atender alguém, precisamos ter consciência de nossas limitações e carências.

 

Odília Grilo
Psicóloga | odiliagrilo@terra.com.br

 

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