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A princesa e a aranha

«Uma terrível predição tinha anunciado que a filha do rei recém-nascida estaria em perigo de morte até aos 18 anos. O pai, então, para a proteger desse risco, encerrou-a na torre de Burana, solitária numa planície infinda.

De nada serviu, porém, essa escolha: precisamente no dia do 18.º ano, a morte chegou pontualmente sob a forma de uma aranha venenosa que, saindo de um cesto de fruta, mordeu a princesa, matando-a.»

Outro dia evoquei a cultura armena. Hoje conduzo os meus leitores, através da lenda que encontro num livro sobre o Quirguistão, a essa região remota atravessada pela rota da seda.

A ideia subjacente à história é naturalmente a da irreversibilidade do destino. Mas há também um tema caro ao Oriente, o da impossibilidade de fugir à morte.

É verdade que, à primeira vista, é lúgubre a consciência de ter uma espécie de espada pendente sobre a cabeça. E no entanto é um dado indiscutível: cada um de nós, quem agora escreve e quem me lê, tem já simbolicamente incisa na fronte a data da sua morte.

Procurar algumas vezes recordar esta verdade não é uma operação de enguiço, mas uma maneira para apreender a justa medida da própria vida, das escolhas, dos valores.

Muitas vezes, com efeito, organizamos a nossa existência como se fôssemos estar sempre aqui, entre as coisas que amamos e talvez adoremos, sem nos repetir-nos que a nossa meta última está para além deste horizonte.

P. (Card.) Gianfranco Ravasi

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