Diante das mais variadas e possíveis situações de nossa vida, muitas vezes, vemos-nos movidos pelo mesmo questionamento: “Cada pensamento produz uma emoção diferente” (Freeman, A.). À luz da psicologia cognitiva, pensamentos geram formas de ver os fatos e reagir diante desses fatos, seguindo, então, uma cascata de interpretações que podem agir diretamente em nossos relacionamentos e nossa visão de mundo.
Se aquilo que você tem diante de si é um evento que o atrapalha nas relações em seu trabalho, nos seus contatos de amizade, no seu relacionamento afetivo, seu amor-próprio ou qualquer outro tipo de pensamento leva ao seguinte: “É o que você pensa acerca daquela situação que determina, em grande parte, se você vai sentir algo a respeito e o que você fará”. Imagine uma pessoa que precisa falar em público e comece a ter pensamentos, tais como: “Ninguém vai gostar do que eu vou falar, vou me atrapalhar e fazer tudo errado, se eu errar será horrível e eu posso até desmaiar”, e tantos outros pensamentos nessa linha. Ao pensar assim, poderá ter emoções negativas tais como medo, culpa, tristeza; assim, poderá ficar ainda mais ansioso, agravando seus pensamentos negativos acerca daquela apresentação em público que fará, muitas vezes, impedindo com que a faça e trazendo ainda mais insatisfação. Esse é um pequeno exemplo de como nossos pensamentos podem gerar emoções e comportamento.
Caso você tenha se identificado com esse relato, convido-o a pensar em como o modo que pensamos pode contribuir para moldar e influenciar diretamente nossos comportamentos, inclusive nossa capacidade de seguir em frente e superar limites que possuímos no trabalho, nos relacionamentos afetivos, em nossa vida escolar, na forma de nos percebermos.
Nossa capacidade de seguir em frente está ligada ainda à esperança e ao pensamento de superação e positividade temos diante de um fato. Se, por exemplo, temos um medo, quais atitudes você tem tomado para superar esse medo? Tenho apenas fugido ou tenho encarado os fatos mesmo que eles tragam certo desconforto?
O que acontece, muitas vezes, é que essa interpretação do fato pode estar comprometendo diretamente sua forma de agir, não apenas nesta situação, mas em outras, nas quais aplicamos o mesmo medo e a interpretação semelhante. Se algum tipo de comportamento se repete em você, é bem interessante que possa parar, analisar e perceber de que forma essas situações são enfrentadas.
Distinguir pensamentos, sentimentos e realidade
Vale ainda aprimorar sua capacidade de distinguir pensamentos, sentimentos e a realidade em si, pois, muitas vezes, fazemos uma confusão. Na frase: “Eu sinto que não deveria ir nesta festa”, este “sentir” é um pensamento, não um sentimento. O que vem depois desse pensamento, ou seja, o sentimento de ser rejeitado ou ficar de lado, pode gerar um comportamento de evitar festas. Quando nos tornamos mais conscientes desse fato, vamos analisando nossas experiências.
O grande esforço de vida é a capacidade de seguir em frente, mesmo com todos os acontecimentos, avançando e sendo capaz de refletir naquilo que pode ser feito, nas tentativas e nas possibilidades existentes, e não apenas no que não deu certo. É certo que nem tudo sai como planejamos e que as decepções sempre existirão, mas tolerar a frustração e lançar-se ao desafio é essencial. Quando alteramos nossa forma negativa de interpretar, e ajustamos esta percepção sobre os fatos, vamos tendo maior clareza da forma como pensamos e agimos e assim nossa capacidade de seguir em frente se amplia.
Elaine Ribeiro
Psicóloga Clínica