E acabaram-se as festas. Liturgicamente voltamos ao Tempo Comum, bem como ao nosso quotidiano… É, e bem o sabemos, a maior parte do nosso tempo. A vida humana vive-se na normalidade dos dias. A festa é o extraordinário.
Porém, para muitos, também entre os crentes, insinua-se a seguinte questão: com que coisa, com quem, podemos ser verdadeiramente felizes?
Se vivemos estas festas de uma forma muito materialista, corremos o risco de entrar em depressão com a quotidianidade, com a rotina… Serão necessárias festas e festas para “ser feliz”…
Podemos ser felizes!
A nossa fé diz-nos que com Jesus podemos encontrar a felicidade. A sua forma de ser homem abriu-nos novos horizontes de humanidade que não se limita ao sofrimento e à morte, ao fim; o Deus que nos revelou com um verdadeiro rosto de misericórdia e compaixão; o Espírito que nos deu e que é nossa fortaleza. No fundo, um mundo que desde então deixou de estar fechado sobre si mesmo.
O louvor, a festa, tem assim a sua raiz na maravilha de um Deus que tem espaço para nós. Que quer ainda ser um Deus connosco. Este é o motivo para encarar o quotidiano com um sorriso no rosto. Para enfrentar as dificuldades que as rotinas nos colocam, com a esperança numa “bonança depois da tempestade”.
Esta deve ser a alegria do crente. Não é uma qualquer! Não é a do andar sempre a rir, ou à gargalhada! Fazer da alegria motivo de louvor é uma atitude coerente com a vida na fé, mas não é automático. O louvor é uma modalidade fundamental do caminho de agilidade, desembaraço e desenvoltura que a fé solicita, pressupõe e constrói. Não é a única porque o lamento, a súplica, a escuta e a meditação também são fundamentais na vivência da fé.
Claro que estamos expostos ao risco de sermos “absorvidos” pelo quotidianos das rotinas. O sorriso pode cair no vazio; o testemunho de vida ser uma fachada; que calmamente nos afastemos de Jesus; que a Palavra de Deus seja aparência nos nossos lábios e corações…
A alegria que vivemos nestes dias em louvor a Deus por nos dar o Seu Filho Único; em louvor a Jesus Cristo por ter encarnado e assumido a nossa condição humana, deve ser a “acendalha” do nosso quotidiano para ver para além das aparências da vida de rotinas.
Lá diz o “velho ditado” que: «O Natal é sempre que o Homem quiser!»
Bom regresso ao quotidiano.
Paulo Victória | iMIssio