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Presidência da CNBB comemora canonização

 O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo de Aparecida (SP), cardeal Raymundo Damasceno Assis, e o secretário geral da entidade e bispo auxiliar de Brasília (DF), dom Leonardo Ulrich Steiner, concederam entrevista coletiva, na manhã de ontem, dia 3, após o encerramento da reunião do Conselho Episcopal Pastoral (Consep). Na coletiva, foram tratados assuntos como a canonização do beato José de Anchieta e os preparativos para a 52ª Assembleia Geral dos Bispos (AG). Também foram divulgadas a nota sobre o projeto de lei de iniciativa popular Saúde+10 e a declaração sobre os 50 anos do golpe cívico-militar de 1964.

Após 417 anos do primeiro pedido de canonização do “Apóstolo do Brasil, o decreto de canonização do beato foi assinado ontem, 3, pelo papa Francisco. São José de Anchieta foi proclamado pela CNBB como o padroeiro dos catequistas.

O cardeal Raymundo Damasceno manifestou alegria e gratidão a Deus e ao papa pela canonização. Ele explicou que o motivo do adiamento da assinatura do decreto teve a ver com a agenda do papa , o que foi avisado pelo prefeito da Congregação para a causa dos Santos, cardeal Angelo Amato.

Em celebração à canonização, o papa Francisco presidirá uma missa no dia 24 deste mês na Igreja de Santo Inácio de Loyola, em Roma (Itália). Autoridades e religiosos foram convidados a participar. No dia 4 de maio, às 8 horas, durante a 52ª AG, os bispos do Brasil celebrarão, na basílica nacional de Aparecida (SP), uma missa em ação de graças pelo novo santo.

Assembleia Geral

O presidente da CNBB, cardeal Raymundo Damasceno, falou sobre os preparativos da 52ª Assembleia Geral dos bispos, que acontecerá em Aparecida (SP), entre os dias 30 de abril e 9 de maio.

Dom Damasceno destacou o tema central que será debatido pelos bispos “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia” e lembrou a importância de tratar do assunto. “O papa tem falado muito que a igreja tem que ser uma Igreja que sai, que vai ao encontro das pessoas, daí a importância dessas comunidades, onde se dá mais espaço também à missão do leigo nas comunidades”, disse o cardeal. Ele também lembrou temas prioritários que serão discutidos. Um será a reflexão sobre o cristão leigo. “É o início de um processo que vai culminar, numa futura assembleia, em um documento sobre os cristãos leigos na Igreja e na sociedade”, disse. O outro tema prioritário aborda a questão agrária. “A questão de uma melhor distribuição das terras para aqueles que querem trabalhar e para aqueles que se dedicam ao cultivo da terra em nosso país”, disse o cardeal.

Golpe de 1964

A declaração da CNBB sobre os 50 anos do golpe cívico-militar de 1964 alerta as gerações pós-ditadura a manterem-se “atuantes na defesa do Estado Democrático de Direito”. No texto, intitulado “Por tempos novos com liberdade e democracia”, os bispos recordaram as vítimas “de um dos períodos mais sombrios” da história do Brasil.

Na declaração, a CNBB afirma o compromisso com uma democracia participativa e com justiça social para todos e conclama a sociedade brasileira a ser “protagonista de uma nova história, livre do medo e forte na esperança”, consta na nota.

Os bispos ainda recordaram o posicionamento da Igreja no Brasil em relação ao regime. “Se é verdade que, no início, setores da Igreja apoiaram as movimentações que resultaram na chamada ‘revolução’ com vistas a combater o comunismo, também é verdade que a Igreja não se omitiu diante da repressão tão logo constatou que os métodos usados pelos novos detentores do poder não respeitavam a dignidade da pessoa humana e seus direitos”, afirmam.

Saúde+10

O Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLP) 321/2013 foi entregue ao Congresso Nacional há oito meses, após recolher mais de dois milhões de assinaturas de eleitores, devidamente identificadas. A  nota da CNBB manifesta indignação com o descaso do poder público em relação ao projeto. “Lamentamos que, até agora, nenhum esforço tenha sido feito para iniciar sua tramitação, num total desrespeito à vontade popular”, descreve a nota.

Para os bispos do Consep, “a urgência do projeto exige que tanto o Congresso quanto o Executivo tenham conduta mais respeitosa à sua tramitação” e “o silêncio, nesse caso, é uma omissão com graves consequências para os cidadãos brasileiros”, afirmam.

Para o secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, os poderes públicos não estão olhando para a realidade concreta. “A impressão que nós temos é que não existe interesse do executivo e do legislativo em torno de um financiamento necessário para a saúde pública”, disse.

A Campanha da Fraternidade de 2012, que refletiu o tema saúde pública foi motivadora para o projeto Saúde+10 e, segundo a nota, sonhava com difusão da saúde sobre a terra. “Aos legisladores de nosso país não é permitido matar esse sonho”, conclui.