“Jovens, não se calem”! É neste tom de provocação e chamada para participação que o Papa Francisco faz a juventude. Em março deste ano, mais de 300 pessoas representando várias regiões do mundo, incluindo brasileiros, estiveram reunidos em Roma para a Reunião Pré-sinodal dos jovens. Pelas redes sociais, a participação alcançou 15 mil usuários, por meio de grupos do Facebook. Eles responderam perguntas reunidas em um questionário on line e a partir dessas reflexões e em outras fontes, o Vaticano preparou o documento Instrumentum Laboris, que reúne as sete palavras-chave sobre a realidade juvenil: escuta, acompanhamento, conversão, discernimento, desafios, vocação e santidade. De 3 a 28 de outubro, ocorre o Sínodo dos Bispos, sobre o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, em Roma, Itália.
Uma Igreja autêntica, acolhedora, alegre, interativa e comunicativa. São alguns dos desejos dos jovens, de acordo com o documento final do encontro deste ano encaminhado ao Papa. Para Lisandra Marques, de 23 anos, a juventude espera que a casa de Deus seja um ambiente de escuta e atenção. “Queremos participar dos eventos, pastorais, grupos e não só assistir as missas. Nos sentirmos envolvidos com projetos e ações de evangelização”. A estudante de Artes Visuais é uma das coordenadoras do Grupo Jovens Missionários de Cristo no Santuário Arquidiocesano São Judas Tadeu.
Lisandra acredita que fazer parte de uma coletividade ajuda a definir a identidade como jovem. No Brasil, a juventude é representada por mais de 51 milhões de brasileiros, entre 14 e 29 anos, segundo o IBGE. “Nos encontros aprendemos a ouvir o outro e a formar opiniões. Temos debates reflexivos sobre questões do dia a dia e isso é muito importante para criar em nós esse sentimento de pertencimento”, ressaltou.
Assim, como a colega, Amanda Alves Andrade, 17 anos, abraça o desafio de coordenar o grupo de jovens do Santuário. Atualmente, cerca de 10 pessoas participam dos encontros, que ocorrem todos os sábados, às 17h, na Sala Multimídia. A preparação das reuniões é assessorada pela Irmã Sacramentina Isabela Braga. A estudante acredita que a Igreja e as pessoas precisam ser mais acolhedoras. “Percebo isso, aqui no Santuário. Quantos jovens eu vejo nas missas perdidos, precisando ser abraçados, ouvidos. Fui ao encontro da minha espiritualidade, eu queria estar mais perto de Deus e me sentir ligada a um propósito. É muito bonito ver o respeito entre os jovens, a trocar de aprendizado e experiência em benefício da juventude”.
Sonhos e desafios
“ Os jovens sonham com segurança, estabilidade e plenitude. Muitos esperam uma vida melhor para suas famílias. Identificar um lugar de pertença é um sonho comum que ultrapassa continentes e oceanos”, trecho do Documento final da Reunião Pré-sinodal. O sonho de Lisandra é tornar -se uma boa educadora. “Espero que mesmo com as dificuldades eu não perca o amor pela profissão, pelo ensinar”.
Encontrar-se
A estudante Mariana Vieira Leite, de 18 anos, conta que há um tempo atrás, estava afastada da Igreja. Quando retornou, passou a frequentar o grupo de jovens, e encontrou o que procurava: o acolhimento. “Nos sentimos a vontade, como se estivéssemos em casa, durante os encontros. Percebo que o Santuário agrega diferentes realidades e isso é inclusão. O jovem passa a sentir-se bem. Quando eu estiver precisando de qualquer coisa, sei que posso procurar qualquer um dos meus colegas, pois serei acolhida”.