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Maria: Modelo de educadora na sabedoria e no amor

Nossa Senhora (Uffizi Stampa)

Maria é a grande educadora da sabedoria que vivia com integridade e fidelidade os valores da fé, da verdade, da justiça, da fraternidade, conforme a Palavra de Deus

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça – Diocese de Nova Friburgo (RJ)

A Campanha da Fraternidade deste ano, com o tema “Fraternidade e Educação” e com o lema “”Fala com sabedoria, ensina com amor” (Pr 31,26), cumpre o propósito deste evento organizado pela CNBB desde 1964: “ser um caminho para que os cristãos vivam a espiritualidade quaresmal com o sentido de mudança e transformação pessoal rumo à solidariedade a um problema concreto da sociedade brasileira”. A realidade da educação interpela e exige profunda conversão de todos. É a terceira vez que o tema é tratado. A primeira, há quarenta anos, em 1982 – “A Verdade vos libertará”. A segunda, há vinte e quatro anos – “A Serviço da Vida e da Esperança – Fraternidade e Educação”. Desta vez, a reflexão é impulsionada pelo Pacto Educativo Global convocado pelo Papa Francisco ( Texto Base, n° 07). E ninguém melhor do que Maria, a nossa querida Mãe, para ser referência de uma nova educação que “promova o desenvolvimento pessoal integral, a formação para a vida fraterna e a cidadania” (TB n° 05).
Maria é a grande educadora da sabedoria que vivia com integridade e fidelidade os valores da fé, da verdade, da justiça, da fraternidade, conforme a Palavra de Deus, fazendo da casa de Nazaré, com São José, a primeira escola das virtudes humanas essencialmente integradas ao sentido maior da vontade do Senhor. Num sólido testemunho de fé-vida, iluminou a infância e a juventude de Jesus, com os exemplos de trabalho, oração, fervor religioso, serviço missionário, partilha de caridade com os mais necessitados, solidariedade, de compromisso e responsabilidade com os deveres da justiça e comunhão social. Ensinava com amor o Filho de Deus, o Verbo Encarnado, que recebeu dela em sua natureza humana, verdadeira e completa, toda a educação ética, religiosa, cultural, espiritual, do convívio em sociedade, de sua integração cidadã, como servo do Pai, no desenvolvimento global de sua personalidade. Os primeiros passos, as primeiras palavras, as primeiras orações, os conselhos e orientações, a interação dos sentimentos, das tarefas do dia-a-dia, o suporte e o preparo carinhoso da alimentação, na cumplicidade com o ‘homem justo” e pai adotivo do Salvador.

Nossa Mãe das Graças nos apresenta, em sua eloquente humildade e fortaleza, que a base da educação é uma família consistente, a fundamental escola das virtudes que forma o ser humano de maneira global e precisa estar alicerçada em Deus, como uma verdadeira casa sobre a rocha, um farol de condução diante dos desafios da vida. Isto nos faz refletir sobre a importância de revermos nosso investimento em ações de evangelização e formação em favor das famílias, reestruturando-as e capacitando-as como esta base de educação integral da pessoa. Deve haver na sociedade e diversos ambientes educacionais uma verdadeira mudança de mentalidade, reorientação da vida, revisão de atitudes na busca de um caminho que promova este desenvolvimento humano. “Um caminho educativo integral que humanize, promova e estabeleça relações de proximidade, justiça e paz” ( TB n° 06). Nos diversos âmbitos, a educação deve ser sustentada, iluminada pela Palavra de Deus, encontrando-se e redescobrindo-se meios eficazes que favoreçam processos mais adequados e criativos a fim de que ninguém seja excluído deste projeto de promoção social.

Maria, Mãe da dignidade humana, ensina com amor e testemunha a educação aberta a todas as formas de cultura, de ações verdadeiramente a serviço da vida, em especial, dos mais pobres. Ela nos convida a “refletir sobre os fundamentos do ato de educar. Não é um ato isolado. É encontro no qual todos são educadores e educandos. É tarefa da própria pessoa, da família, da Igreja e de toda a sociedade”(TB – Apresentação). Ela mesma aprendia muito de todo o processo histórico da Encarnação-salvação, enquanto ensinava como mãe zelosa, guardando tudo no mistério do seu coração ( cf Lc 2, 16-21;41-51). Isto implica num processo de escuta. ESCUTAR – dinâmica dialógica. Escuta do outro e de sua realidade é fundamental. Rever as propostas da casa comum ( Laudato Si) e da Amizade Social ( Fratelli Tutti), a Economia de Francisco e de Clara. Depois DISCERNIR – educar na fé, para o diálogo, no seguimento de Cristo, Mestre e Educador. Como discípulos missionários, num itinerário metodológico. A Mãe de Nazaré foi a primeira discípula-missionária do Verbo, concebendo-O primeiramente no coração e depois no ventre, como afirma Santo Agostinho. E no percurso histórico do crescimento do seu filho, se tornou discípula, compreendendo progressivamente a sua missão desvelada aos poucos, mais fortemente em sua vida pública. Foi a educadora exímia, capaz de escutar e ler nos sinais da história, discernindo o caminho, à luz do Espírito, assimilando e acolhendo com humildade o Mistério de Deus.

Por fim, AGIR – ter passos e metas, um projeto de vida, fonte de uma nova sociedade. A Educação deve ser planejada de forma também “sinodal”, a várias mãos, de forma interativa, escutando a todos, discernindo os melhores caminhos, políticas públicas, meios específicos, recursos, investimentos, junto às escolas, universidades, centros comunitários e outros espaços educativos, organizando um serviço pastoral, contando especialmente com as instituições católicas de ensino. Maria é a mulher da ação, fundamentada em profunda espiritualidade de fé, que transforma a oração e os ensinamentos em atos de amor e solidariedade, como o serviço a Isabel, que se integra aos discípulos e coopera, que dá suporte ao seu filho na sua árdua missão, até aos pés da cruz, que se põe em comunhão com os apóstolos, como Mãe da Igreja, participando das ações e múnus da comunidade apostólica, presente e inundada também pela luz de Pentecostes.

Nesta linha do AGIR-TRANSFORMAR é que o profético Papa Francisco apresenta o Pacto Educativo Global que propõe educar para um novo humanismo, com a iluminação dos princípios cristãos. Que a Santíssima Virgem, Mãe da Educação, abençoe este projeto e interceda junto ao Filho Mestre, Educador, derramando as graças necessárias para esta humana renovação social. Boa campanha da fraternidade a todos!

Pe Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é Chanceler da Diocese de Nova Friburgo