Líderes religiosos assinaram nesta terça-feira, 20, um apelo pela paz como fruto do Encontro Internacional pela Paz realizado em Assis, Itália, desde o último dia 18. O apelo foi entregue a crianças, que o levarão aos representantes das nações.
O apelo traz uma firme condenação aos atos de violência em nome da religião e um forte apelo para construir a paz verdadeira. “A guerra em nome da religião torna-se uma guerra contra a própria religião. Por isso, com firme convicção, reiteramos que a violência e o terrorismo se opõem ao verdadeiro espírito religioso”.
Com a guerra todos perdem, inclusive os vencedores, destacam os líderes religiosos. Reconhecendo a necessidade de rezar constantemente pela paz, eles se colocaram à escuta de todos atingidos pelas guerras – pobres, crianças, mulheres, jovens – para clamar uma vez mais: “Não à guerra! Não caia no vazio o grito de dor de tantos inocentes (…) Nada é impossível, se nos dirigimos a Deus na oração”.
Esse encontro em Assis acontece 30 anos depois que João Paulo II convidou líderes religiosos para que lá se unissem a fim de rezar pela paz. Desse momento histórico, reconhecem hoje os líderes religiosos, inúmeros crentes foram envolvidos no diálogo e na oração pela paz, unindo sem confundir e gerando amizades inter-religiosoas. “Este é o espírito que nos anima: realizar o encontro no diálogo, opor-se a todas as formas de violência e abuso da religião para justificar a guerra e o terrorismo”.
Ao final do encontro, o tradicional abraço da paz entre os líderes religiosos.
Confira, a seguir, a íntegra do apelo:
Homens e mulheres de diferentes religiões, congregamo-nos, como peregrinos, na cidade de São Francisco. Aqui em 1986, há trinta anos, a convite do Papa João Paulo II, reuniram-se Representantes religiosos de todo o mundo, pela primeira vez de modo tão participado e solene, para afirmar o vínculo indivisível entre o grande bem da paz e uma autêntica atitude religiosa. Daquele evento histórico, teve início uma longa peregrinação que, tocando muitas cidades do mundo, envolveu inúmeros crentes no diálogo e na oração pela paz; uniu sem confundir, gerando amizades inter-religiosas sólidas e contribuindo para extinguir não poucos conflitos. Este é o espírito que nos anima: realizar o encontro no diálogo, opor-se a todas as formas de violência e abuso da religião para justificar a guerra e o terrorismo. E todavia, nos anos intercorridos, ainda muitos povos foram dolorosamente feridos pela guerra. Nem sempre se compreendeu que a guerra piora o mundo, deixando um legado de sofrimentos e ódios. Com a guerra, todos ficam a perder, incluindo os vencedores.
Dirigimos a nossa oração a Deus, para que dê a paz ao mundo. Reconhecemos a necessidade de rezar constantemente pela paz, porque a oração protege o mundo e ilumina-o. A paz é o nome de Deus. Quem invoca o nome de Deus para justificar o terrorismo, a violência e a guerra, não caminha pela estrada d’Ele: a guerra em nome da religião torna-se uma guerra contra a própria religião. Por isso, com firme convicção, reiteramos que a violência e o terrorismo se opõem ao verdadeiro espírito religioso.
Colocamo-nos à escuta da voz dos pobres, das crianças, das gerações jovens, das mulheres e de tantos irmãos e irmãs que sofrem por causa da guerra; com eles, bradamos: Não à guerra! Não caia no vazio o grito de dor de tantos inocentes. Imploramos aos Responsáveis das nações que sejam desativados os moventes das guerras: a ambição de poder e dinheiro, a ganância de quem trafica armas, os interesses de parte, as vinganças pelo passado. Cresça o esforço concreto por remover as causas subjacentes aos conflitos: as situações de pobreza, injustiça e desigualdade, a exploração e o desprezo da vida humana.
Abra-se, finalmente, um tempo novo, em que o mundo globalizado se torne uma família de povos. Implemente-se a responsabilidade de construir uma paz verdadeira, que esteja atenta às necessidades autênticas das pessoas e dos povos, que impeça os conflitos através da colaboração, que vença os ódios e supere as barreiras por meio do encontro e do diálogo. Nada se perde, ao praticar efetivamente o diálogo. Nada é impossível, se nos dirigimos a Deus na oração. Todos podem ser artesãos de paz; a partir de Assis, renovamos com convicção o nosso compromisso de o sermos, com a ajuda de Deus, juntamente com todos os homens e mulheres de boa vontade.
Fonte: http://noticias.cancaonova.com