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Consumo responsável e a formação de nossas crianças

Você já pensou o quanto é importante abordar questões de consumo responsável com as crianças? Já parou para refletir que compreender o valor do dinheiro e a real necessidade de ter coisas impacta diretamente na relação que a criança de hoje (e que amanhã será adulto) vai estabelecer com o dinheiro e como construirá sua independência financeira? 

 

Hoje nossa sociedade quer ter e oferecer aos filhos todos os bens materiais, mas falar em educação para o consumo com crianças pode parecer um ato tanto abstrato. Afinal, como abordar o tema de maneira palpável para os pequenos? A melhor maneira é partir de atitudes mediante situações reais.
 
Sou mãe de dois filhos e avó de dois netos e com eles sempre busquei aplicar meu discurso na vida real. Quantas boas atitudes suas valem R$ 1? Quantos brinquedos antigos valem pela troca de um novo item?
 
Meus filhos nunca tiveram tudo que queriam na hora em que queriam, ou porque era caro demais ou porque não era o momento oportuno. Se a questão fosse dinheiro, comparava com outro item, dizia que era muito caro e que podiam escolher outra coisa. Assim, aprendiam a negociar e lidar com frustrações, fatores que considero importante para uma vida adulta equilibrada.
 
Realmente não é fácil educar as crianças para um consumo. Além de questões de ética e moral que envolviam os princípios que passei aos meus filhos, hoje é preciso pensar em questões ambientais e de responsabilidade social.
 
Obtive os melhores resultados ao adotar olhar crítico para as minhas próprias atitudes e hábitos de consumo, pois somos os maiores exemplos para nossos filhos. Se eu estiver agindo de modo ansioso e consumista, estarei passando para eles esses valores, reafirmando essas atitudes. Quando entrei em ciclos consumistas (porque ninguém é perfeito e mãe também erra), sofri as consequências da vida adulta.
 
A responsabilidade de educar para o consumo consciente não deve ser só da família, mas deve ser compartilhada com a escola, os meios de comunicação e todos os envolvidos na cadeia de consumo. O grande vilão do incentivo ao consumo não é a publicidade infantil, simplesmente porque existem todos os fatores acima mencionados, além de termos que considerar que as crianças são parte ativa e integrante de nossa sociedade. Elas têm acesso aos meios de comunicação, estão conectadas à internet, trocam experiências com amigos e professores, viajam e têm pensamento crítico. São seres humanos capazes de pensar, refletir, adquirir pensamento crítico e fazer escolhas, mesmo que crianças.
 
Protegê-las do consumo exagerado e de práticas de mercado abusivas significa fortalecer, empoderar, educar. Garante que possam pensar de forma crítica e independente conforme a fase de seu desenvolvimento. Isso sim é permitir que usufruam de suas infâncias da maneira mais saudável e segura possível. Só assim seguirão da infância à vida adulta de modo consciente e responsável criando um círculo virtuoso de consumo e respeito para toda a sociedade.  
 
Marici Ferreira 
Presidente da Abral (Associação Brasileira de Licenciamentos)