Entrega de nós mesmos a Deus
“Aqui está a matriz de toda oração cristã, diria de toda oração humana, que é sempre feita, por um lado, de contemplação de Deus, de seu mistério, de sua beleza e bondade e, por outro lado, de sinceros e corajosos pedidos do que precisamos para viver e viver bem.
“Quando falamos com Deus, não o fazemos para revelar a Ele o que temos em nossos corações: Ele sabe muito melhor do que nós mesmos! Se Deus é um mistério para nós, nós não somos um enigma aos seus olhos. Deus é como aquelas mães que bastam um olhar para entender tudo sobre seus filhos: se estão felizes ou tristes, se são sinceros ou escondem alguma coisa”, disse o Papa.
O primeiro passo da oração cristã é a entrega de nós mesmos a Deus, à sua providência. É como dizer: “Senhor, vós sabeis tudo, não precisa que eu vos conte a minha dor. Peço-vos somente que estejais aqui perto de mim: vós sois a minha esperança”.
Santidade de Deus deve refletir-se em nossas ações
“É interessante notar que Jesus, no discurso da montanha, logo depois de ter ensinado o “Pai-Nosso”, nos exorta a não nos preocupar com as coisas. Parece uma contradição: primeiro, nos ensina a pedir o pão de cada dia e depois nos diz: «Não fiquem preocupados, dizendo: o que vamos comer? O que vamos beber? O que vamos vestir? Mas a contradição é apenas aparente: as perguntas do cristão manifestam a confiança no Pai; e é justamente essa confiança que nos faz pedir o que precisamos sem preocupação e agitação. É por isso que rezamos dizendo: “Santificado seja o vosso nome!”
Segundo o Papa, na primeira pergunta, “se sente a admiração de Jesus pela beleza e grandeza do Pai, e o desejo que todos o reconheçam e o amem por aquilo que realmente é. Ao mesmo tempo, a súplica para que o seu nome seja santificado em nós, em nossa família, em nossa comunidade e no mundo inteiro. É Deus que santifica, que nos transforma com o seu amor, mas ao mesmo tempo nós também, com o nosso testemunho, manifestamos a santidade de Deus no mundo, tornando o seu nome presente”.
“Sou cristão, Deus é santo, mas eu faço coisas feias. Não. Isso não serve. Isso faz mal, escandaliza e não ajuda”, disse ainda Francisco.
A oração afasta o medo
“A santidade de Deus é uma força em expansão, e nós o suplicamos para que quebre rapidamente as barreiras do nosso mundo. Quando Jesus começa a rezar, o primeiro a pagar as consequências é o mal que aflige o mundo. Os espíritos malignos maldizem: «O que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para arruinar-nos? Sei quem tu és: o santo de Deus!”
“Nunca se viu uma santidade assim”, frisou o Papa, “não preocupada consigo mesma, mas orientada para fora. Uma santidade que se espalha em círculos concêntricos, como quando se joga uma pedra no lago. O mal tem seus dias contados, o mal não pode mais nos prejudicar: chegou o homem forte que toma posse de sua casa. Esse homem forte é Jesus, que nos dá a força para tomar posse de nossa casa interior”.
O Papa concluiu a sua catequese, dizendo que “a oração afasta todo o medo”. O Pai nos ama, o Filho está ao nosso lado, e o Espírito trabalha em segredo para a redenção do mundo. “Não vacilemos na incerteza. Mas temos uma grande certeza: Deus me ama; Jesus deu sua vida por mim! O Espírito está dentro de mim. Essa é a grande certeza. E o mal? Tem medo.”