A reflexão sobre o fortalecimento da colegialidade na ação da Igreja foi uma das principais questões da Assembleia Semestral do Clero que reuniu os padres de paróquias da Região Episcopal Nossa Senhora da Piedade (Rensp), ontem terça-feira, dia 1º de abril, na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
Segundo o bispo auxiliar e referencial da Região, dom João Justino de Medeiros, o objetivo desses encontros é sempre criar espaço de estudo e partilha. Ele destacou as reflexões sobre a participação do padre, como presbítero e animador das paróquias, no Plano de Pastoral da Região. Tema, que segundo ele, foi enriquecido pelas assessorias do padre Paulo Jackson, professor de Sagradas Escrituras da PUC Minas e pároco da Paroquia Bom Jesus do Horto (Rensp); do padre Márcio Paiva, doutor em filosofia e professor na PUC Minas, Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, bairro Santa Inês, e do padre Áureo Nogueira, Vigário Episcopal para a Ação Pastoral.
Padre Áureo Nogueira ressaltou os estudos sobre a identidade do presbítero no contexto da Igreja colegiada, constituída em rede de comunidades, e a preocupação de vivenciar o ministério presbiteral a luz desta realidade, como incentivador das pequenas comunidades. “Essa escolha da Arquidiocese de Belo Horizonte, de se organizar em redes de comunidades, tem, também, o importante papel de valorizar os leigos como protagonistas, na Igreja”.
Dom João Justino, que também é referencial para a juventude na Arquidiocese, elogiou a participação de três jovens que coordenam o trabalho da juventude na Rensp – João Manuel, Emanuel e Cristian. “Eles vieram incentivar o clero a participar, com os jovens de suas as paróquias, da Jornada Arquidiocesana da Juventude – que será realizada no domingo de ramos, dia 13 de abril, entregando a eles o convite para o evento. Uma presença serena e alegre, que agradou a todos”, disse o bispo.
O compromisso com a missão
Padre Paulo Jackson falou sobre o horizonte da evangelização que o sacerdote tem diante e si e o compromisso que isso representa, por serem eles agentes enviados pela Igreja, preparados para a missão. “Padre Paulo Jackson trabalhou o tema mostrando como o Apóstolo Paulo enfrentou as dificuldades em sua missão e as saídas que encontrou no diálogo, na colegialidade, na fraternidade, na comunhão. Em seguida, nos chamou a refletir sobre a importância de um compromisso assumido com ardor pelo sacerdote, mas de modo a consumir-se no tempo certo, preservando-se para sempre ter o que oferecer aos que dele precisam” – destacou dom João Justino, lembrando a importância do planejamento da ação, do uso do tempo e da flexibilidade pastoral “que só a escuta das comunidades pode ensinar”.
Democracia e colegialidade
A lógica da escuta, fundamental para a vivência da colegialidade, e como escutar as realidades, as pessoas e encontrar soluções na perspectiva da comunhão, foi o tema da palestra do Padre Márcio Paiva, que propôs a reflexão sobre a importância e funcionamento dos conselhos nas comunidades, paroquias e foranias. Para favorecer o discernimento sobre modos de conduta na Igreja e na sociedade, ele destacou as virtudes da colegialidade, no sentido de que em seu funcionamento não há vencidos nem vencedores, pois ela se define pela união de todos, juntos, buscando alcançar o mesmo objetivo, na força da comunhão. Padre Márcio Paiva lembrou que toda a estrutura da Igreja deriva do coração do próprio Deus, que é Trindade. “Portanto, em sua estrutura, a Igreja só pode agir segundo a lógica da comunhão e da participação”, afirmou o sacerdote.