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Artigo de Dom Edson Oriolo – Ação Pastoral Pós-Pandemia

                Estamos em tempo de pandemia. A crise sanitária provocada pelo surto do Covid-19, além da grave ameaça à vida, está causando na população mundial malefícios que nos afetam em “efeito dominó”, impactando a saúde pública, a economia mundial, regional, local e respingando no sistema financeiro, inclusive de nossas dioceses, paróquias e comunidades eclesiais-missionárias.

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Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas, a pandemia tem afetado o trabalho de 53,5% das famílias brasileiras, de acordo com pesquisa realizada entre 2 e 13 de maio de 2020. Vinte e cinco por cento (25%) dos trabalhadores tiveram redução salarial proporcional à queda na jornada de trabalho; 14,7% informaram que pelo menos um familiar teve contrato suspenso durante o período e 12,7% relataram que uma pessoa do núcleo familiar sofreu demissão.

A pandemia tem colocado inúmeros brasileiros nas estatísticas de desemprego. A enorme consequência desta crise sanitária, seguidamente à trágica perda de tantas vidas, afeta as famílias de menor renda, que ganham até dois mil e cem reais (2.100,00). Essas foram gravemente afetadas em sua economia doméstica. Essa realidade está desencadeando um “efeito dominó” de grande ingerência na economia do país.

O “efeito dominó”, é caracterizado quando uma causa provoca um efeito de proporção diferente em sua proximidade, que então acarretará outra mudança na proximidade da mesma proporção, e assim por diante, sem sequência linear. A crise sanitária está impactando a economia dos trabalhadores, e, portanto, atinge a economia de nossas dioceses, paróquias e comunidades eclesiais missionárias.

Assim sendo, as receitas das paróquias e comunidades eclesiais missionárias estão oscilando. As despesas não apenas se mantém como estão aumentando, em função de novas demandas, ocasionadas na adequação das paróquias à tecnologia, internet, computadores, mídias de alta definição para evangelizar, celebrar e dar assistência aos pobres com mais excelência e eficiência. O fluxo de caixa (receitas e despesas) está num descompasso por causa do isolamento social, lockdown, desempregos, etc.

Atualmente, os ministros ordenados são gratificados com côngruas (termo próprio que designa uma espécie de “salário” do padre, embora sem nenhum vínculo empregatício ou profissional) pela Igreja, juntamente com os funcionários da paróquia (salários, encargos sociais), que dependem exclusivamente das contribuições, doações e dízimos dos fiéis.

A população brasileira vem resistindo à crise. As famílias, marcadas pela necessidade de “malabarismos” no equilíbrio de receitas e despesas, estão assumindo todos os seus compromissos. As paróquias e comunidades eclesiais missionárias estão no limite de suas receitas que chegam graças à generosidade e do comprometimento de nossos fiéis com sua Igreja. É de se admirar como os fiéis estão ajudando as suas paróquias! Não as estão desamparando! Um sinal expressivo da mentalidade de fé, de compromisso e de generosidade.

A beleza da generosidade de nossos fiéis continua graças ao comprometimento para com suas paróquias. Estão usando do pouco que têm, num espirito de comunhão e partilha. O dinheiro, muitas vezes, é entendido como sinal e objeto do desejo que leva a fraudes, falsidades, perjúrio, trapaça, roubo, litígios desmedidos, brigas, ódio, suicídios, envenenamentos, assassinatos, ou seja, a todos os tipos de ciúmes. É o pai de todos os males. E neste tempo de pandemia, está se tornando símbolo de generosidade, comprometimento, engajamento e sustentabilidade, na dinâmica do servir às paróquias para crescimento do evangelizar, celebrar e partilhar.

No evangelho de São Marcos, encontramos um texto onde autor sagrado narra a “oferta da viúva” (cf. Mc 12,41-44). A viúva inicia e apresenta o caminho da generosidade. Ao dar algumas moedas, a viúva oferece a sua vida. Ela é a única que cumpre o programa de Jesus, entrega a vida como caminho de redenção. A reputação da generosidade encarnada nessa pessoa viúva, pobre, anônima, desapegada é exemplo de economia solidária para manter a nossa missão.

Necessitamos de atitudes equilibradas em relação ao dinheiro, para assegurar digno  sustento de nossos compromissos evangelizadores. Como ensina o Apóstolo: “ter com que nos cobrir, e com isso ficar contentes” (cf. 1Tm 6,8). Aprendemos, nesse tempo, que não basta discursar apologeticamente sobre generosidade para os outros, mas vivenciar entre nós, à semelhança de tantos fiéis, a generosidade, o comprometimento e a sustentabilidade e ser solidários com os nossos irmãos na vida da comunidade paroquial. Pois, o “dinheiro é para nos servir e não governar”, como recorda o Papa Francisco.

Dom Edson Oriolo
Bispo de Leopoldina (MG)