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Agosto, mês das vocações

Há quarenta e um anos, celebramos o mês de agosto como Mês das Vocações. Não podemos separá-lo do mês de setembro como Mês da Bíblia, e outubro como Mês das Missões; Pois, a vocação assumida, se alimenta na Palavra de Deus e frutifica na missão…

 

Mais uma vez, agosto chegou, e nos perguntamos: O que é a vocação?

 

A resposta mais comum, nos é dada pela origem latina da palavra: ‘vocare’, chamar. Porém na experiência prática da vida, vocação é algo bem mais complexo.
 
 
Muitas vezes me questionaram a esse respeito, e sempre respondi: ‘Vocação é o encontro de duas vontades: a Divina e a humana’.
 
 
Vamos nos ocupar das duas partes desta definição:
 
 
A vontade divina: Muitas pessoas, sobretudo jovens, por anos se debatem no mesmo dilema: Qual é a vontade de Deus para mim? Qual é minha vocação? E nos pedem que rezemos para que elas descubram a vontade de Deus!
 
 
Mas como podemos pedir um sinal ou uma fala de Deus, se Ele já nos disse tudo em Jesus Cristo? Jesus veio ao mundo para revelar a plenitude da vontade de Deus e ensinar-nos a cumpri-la: “Eis que venho ó Pai, para fazer a tua vontade” (hb.10,7). E esta vontade é única. Deus não tem várias vontades, por isso Jesus ao nos ensinar a rezar o Pai Nosso disse: “Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu” (Mt.6,10). Note que vontade está no singular e não no plural, pois Deus Pai, não tem muitas, mas somente uma: A nossa salvação, a nossa santificação, que vivamos em comunhão com Ele, a qual se expressa na comunhão com os irmãos, na implantação do Reino de Deus.
 
 
O ‘velho’ argumento para não assumir a vocação, porque se ignora a vontade de Deus, não tem nenhum valor.
 
 
Como nos lembrou o II Ano Vocacional do Brasil, em 2003, o Batismo é fonte de todas as vocações, pois nele, todos somos chamados a pertencer ao Senhor e atuar ao Seu lado na construção de um mundo melhor.
 
 
Se a vontade de Deus, já está bem ‘resolvida’ e expressa, o grande desafio para a vocação, e que exige  muito discernimento,  permanece a vontade humana, ou seja: Onde e como queremos ser de Deus? Essa é uma decisão totalmente pessoal, ninguém pode decidir por nós…nem o próprio Deus!
 
E por onde começar? Pela abertura do livro da própria vida, aprendendo a ler seus sinais: No autoconhecimento, na leitura dos fatos positivos e negativos da nossa história pessoal, familiar, psicossocial, eclesial, nossos sentimentos, o que nos alegra e entristece. Neste sentido é que o II Congresso Vocacional do Brasil, chamou a atenção para a importância da ‘antropologia da vocação’.
 
 
Uma vez clareada nossa vontade, estamos prontos para nossa principal opção:  
 
Quero ser de Deus:
-Como leigo, solteiro ou casado
-Como consagrado
-Como sacerdote diocesano
 
 
A opção  leigo(a) casado(a) pede que se decida com quem casar-se, não se deixando mover somente pela paixão ou atração física, sobretudo tendo em vista a constituição de uma família cristã, onde o pai, a mãe e os filhos, possam viver os valores evangélicos, ser santos, ser de Deus, se tornando sal da terra e luz do mundo.
 
 
Se a escolha é a consagração, deve-se procurar conhecer as várias possibilidades que a mãe Igreja aprova e oferece, por meio das Ordens Religiosas, Congregações e Novas Comunidades. Nesse ponto, é necessário fazer uma análise calma, sem precipitação, percebendo onde há mais identificação da pessoa com o grupo, e reconhecimento de possibilidades reais para a doação da vida toda, multiplicando os talentos concedidos pelo Senhor, pondo os dons pessoais à serviço da comunidade e da evangelização.
 
 
Se o desejo é ser sacerdote diocesano, deve-se procurar orientação junto à diocese à qual se pertence.
 
 
Rezemos para que neste mês de agosto, muitos jovens ouçam o chamado do Senhor e encontrem onde respondê-lo.   
 
 
Frei Jorge Jacinto Corrêa, Carmelita Descalço
como diretor espiritual do Serviço Escola ECC do Regional Leste II