O bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG) dom Joaquim Mol atendeu a imprensa na tarde desta quinta-feira, dentro da programação da 54ª Assembleia Geral da CNBB, realizada em Aparecida (SP). Dom Mol participa da Assembleia ao lado de dom Walmor e dos bispos auxiliares dom João justino e dom Edson Oriolo. Também concedeu entrevista o arcebispo de Londrina (PR), dom Orlando Brandes.
Os dois bispos apresentaram aos jornalistas o aprofundamento do tema central da Assembleia, “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade. Sal da Terra e luz do mundo”, como também os resultados de reflexões sobre a conjuntura político-social e eclesial.
O trânsito religioso é outra questão de interesse dos bispos nos estudos a serem realizados durante o evento. Para ajudar na compreensão desse fenômeno, na atualidade, dom Joaquim Mol apresentou dados do cenário religioso no Brasil e afirma que não há mudanças significativas.
De acordo com bispo, 64,5% das pessoas se dizem católicas, enquanto os demais percentuais são distribuídos em vários grupos. O destaque maior, conforme informou, é o protestantismo pentecostal com 18% do universo de fiéis. “Chama também nossa atenção, os 8,9 % que se declaram como sem religião”, constatou. Sendo assim, o Brasil continua sendo um país de maioria católica.
Dom Mol destaca que mais de 68% dos entrevistados nunca transitaram por outras denominações religiosas e considera relevante o nível de comprometimento deles com a religião: “23% dos que se declararam católicos nesse grupo, assumem ter um compromisso com a religião”. O cenário, contudo, é de pluralismo religioso, o que, segundo ele, torna de extrema importância o cultivo da capacidade de diálogo e respeito às diferenças religiosas”.
No que diz respeito à conjuntura político-social e eclesial, dom Joaquim Mol destacou que a Igreja Católica no Brasil, por meio da CNBB, repudia com veemência toda e qualquer atitude, ação e plano de corrupção no país. “Por considerar a corrupção algo que fere e desmancha o tecido social, ela é comparada a um câncer em metástase” – afirmou, acrescentando que a Igreja Católica no Brasil considera que a apuração de toda corrupção deve ser implacável, com o julgamento, pela justiça, dos envolvidos e a punição dos culpados.
O posicionamento da CNBB sobre a atual conjuntura será divulgada publicamente por meio de nota oficial. O bispo explicou que para elaborar esse documento a instituição está capturando percepções das realidades social, cultural, econômica, e política. “No campo da cultura estamos analisando a crise de valores, no econômico, queremos refletir sobre a hegemonia do sistema financeiro. Naquilo que se refere ao social, vamos pensar sobre a erosão dos direitos sociais já conquistados, sobretudo na Constituição de 88, e na crise política, sobre o enfraquecimento das instituições”.
O arcebispo de Londrina, dom Orlando Brandes, fez uma análise da atuação dos leigos, tema central da Assembleia Geral da CNBB: “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade. Sal da Terra e luz do mundo”, ressaltando que a Igreja quer dar destaque àqueles que constituem sua grande maioria, os leigos. “Cada pessoa é profeta da sua realidade. O texto que nós estamos trabalhando, vai mostrar o leigo como sujeito na Igreja. Falamos muito dos direitos dos leigos, pois ele é sujeito nessa realidade e pertence à Igreja; o leigo é Igreja”, disse.
Dom Orlando Brandes observou que o primeiro campo de atuação dos leigos é o mundo, estando ele presente na política, no trabalho, nas comunicações, conforme afirma o Concilio Vaticano II.“Precisamos voltar à fonte desse Concílio e considerar como primeiro campo de atuação dos leigos a sua própria realidade e transformá-la”, disse.
O arcebispo lembrou que as atividades da Assembleia Geral, em torno de seu tema central, inspiram-se na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, a primeira do pontificado do Papa Francisco, quando o pontífice retoma questões referentes à participação dos leigos na Igreja e na Sociedade.
Fonte: arquidiocesebh.org.br