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52ª Assembleia Geral

 O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Raymundo Damasceno Assis, presidiu a celebração eucarística de abertura da 52ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil. Em torno do altar central do Santuário Nacional de Aparecida (SP), os bispos e assessores rezaram pelos trabalhos da Assembleia, que começa hoje e se estende até o dia 9 de maio.

 

 Na homilia, o cardeal lembrou que a Assembleia tem a marca da alegria das recentes canonizações de São João XXIII,  São João Paulo II e, especialmente, do Apóstolo do Brasil, São José de Anchieta. “A santidade é uma vocação universal e as canonizações são um estímulo para nós, pois nos apresentam um modelo de vida cristã”, declarou dom Raymundo.

 

A partir da liturgia do dia, o cardeal recordou que a razão da alegria cristã foi a plenitude da revelação em Jesus Cristo: “Deus é amor”. “É esta a mensagem que os cristãos devem anunciar hoje no mundo”. Ele também destacou os principais temas que estão na pauta da Assembleia, como a renovação das paróquias e a atuação dos leigos. “A Igreja no Brasil quer, à luz dos 50 anos do Concílio, avaliar e apoiar a atuação e vocação dos leigos e leigas, na Igreja e na sociedade brasileira”.

 

Dom Raymundo também destacou a reflexão sobre a questão agrária, um tema relevante que está na pauta dos trabalhos. O episcopado deverá ser divulgado um documento específico sobre o tema. “Será uma forma de iluminar essa questão tão atual à luz do Evangelho e do ensinamento social da Igreja”. Por fim, o cardeal pediu a oração de todos os fiéis pelos trabalhos da Assembleia.

 

Confira, na íntegra, a homilia do cardeal Raymundo Damasceno Assis:

 

Neste primeiro ato solene de nossa 52a Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), acolho neste Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida a todos: os Srs. Cardeais, Arcebispos, Bispos, administradores diocesanos, presbíteros, consagrados e leigos. Acolho, de modo particular, em nome de todos, o Sr. Núncio Apostólico, Dom Giovanni Aniello, cuja presença é um sinal de nossa comunhão com o Papa Francisco. Acolho os queridos fiéis da Arquidiocese de Aparecida aqui presentes e os caríssimos Romeiros e Romeiras, vindos de diversas partes do Brasil. Saúdo e agradeço os profissionais de Comunicação, aqui presentes, que dão ao povo de Deus, em todo o Brasil, a oportunidade de acompanhar a cada dia o desenvolvimento dessa Assembleia Geral. Um cumprimento também ao Mons. Piergiorgio Bertoldi, Conselheiro da Nunciatura Apostólica no Brasil.

 

1 – Uma marca especial desta 52ª Assembleia Geral da CNBB é a alegria da santidade, causada pelas Canonizações deste último domingo, de S. João XXIII e S. João Paulo II, e pela Canonização de S. José de Anchieta, Apóstolo do Brasil, dia 03 de abril passado. A santidade é uma vocação universal. As canonizações são um estímulo para nós, porque nos oferecem modelos concretos de santidade e intercessores na comunhão do Corpohttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png Místico de Cristo, que é a Igreja.

 

2 – Nesta quarta feira da segunda semana do Tempo Pascal, o santo Evangelho faz ressoar em nosso coração estas palavras que podem ser consideradas como que uma síntese de toda a mensagem cristã: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Ao final de seu evangelho, retomando o significado dessa afirmação, S. João afirma que as coisas que escreveu foram escritas para que creiamos que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhamos a vida em seu nome (cf. Jo 20,31). Crer no amor de Deus, este é o convite. E isto é possível, porque seu Filho nos revelou a plenitude do amor, vindo a este mundo e dando por nós sua vida. Assim Ele nos deu a conhecer que Deus é amor, é dom total, e que nós podemos depositar nEle toda a nossa confiança e entregar-lhe nossa vida, pois Ele nos ama incondicionalmente. Esta é a razão da alegria cristã, e este é também o motivo que nos faz partilhar a fé, por meio da evangelização, certos de que evangelizando, damos a todos a possibilidade de encontrar a plena realização de suas vidas, na comunhão com Jesus Cristo.

 

Como que comentando este texto, o Papa Francisco interroga, na Exortação apostólica Evangelii Gaudium: “se alguém acolheu o amor que lhe devolve o sentido da vida, como é que pode conter o desejo de o comunicar aos outros?” (EG, 8). E acrescenta: “aqui está a fonte da ação evangelizadora” (Ibid.). Assim ele reconduz a multiplicidade das ações realizadas pela Igreja em sua missão evangelizadora à unidade fundamental, à fonte da qual tudo brota, ao sentido mais originário que é a experiência de ser amado de modo absoluto e de poder amar de modo total. A experiência da fé é uma experiência de amor sem limites. A evangelização é a partilha desse amor.

 

A primeira leitura nos mostra que os apóstolos após a libertação milagrosa da prisão, nas primeiras horas do dia, já estavam no templo evangelizando, como o anjo do Senhor lhes dissera. Nada consegue impedir que o Evangelho seja anunciado, porque nada consegue calar o verdadeiro amor. Anunciando ao povo “toda a mensagem a respeito desta Vida” (At 5,20), os apóstolos obedecem a um imperativo que lhes vem, ao mesmo tempo, da Palavra de Deus e do mais profundo de sua experiência de pessoas transformadas pelo encontro com o amor de Deus em Jesus Cristo.

 

3. Entre os vários temas que trataremos nesta Assembleia, o tema central é a renovação paroquial. Discutiremos uma vez mais o projeto de documento “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”, agora enriquecido pelas contribuições que vieram de muitas Paróquias, Dioceses, Regionais e também de pessoas que, individualmente ou pequenos grupos, procuraram refletir sobre o tema. Renovar as paróquias, favorecendo que elas tenham as feições de comunidades, é mantê-las precisamente no centro da experiência cristã. Ser comunidade é viver a fé na forma do amor fraterno. E este é o apoio de que todos necessitamos para viver a missão de anunciar o Evangelho com alegria e entusiasmo. O Papa Francisco nos ofereceu uma orientação ao dizer que a renovação das paróquias tem por objetivo torna-las ainda mais próximas das pessoas, sendo âmbitos de comunhão e participação e orientá-las completamente para a missão (cf. EG, 28).

Entre os temas prioritários estão os fiéis leigos e leigas. Também a respeito dos leigos e leigas, queremos recordar uma afirmação do Papa Francisco: “A imensa maioria do povo de Deus é constituída por leigos. Ao seu serviço, está uma minoria: os ministros ordenados. Cresceu a consciência da identidade e da missão dos leigos na Igreja. […] A formação dos leigos e a evangelização das categorias profissionais e intelectuais constituem um importante desafio pastoral” (EG, 102). A Igreja no Brasil quer, à luz dos 50 anos do Concílio Ecumênico Vaticano II, avaliar o caminho dos leigos e leigas e apoiá-los para avançar no exercíciohttp://cdncache1-a.akamaihd.net/items/it/img/arrow-10x10.png de sua vocação e missão na Igreja e na sociedade Brasileira.

Outro tema que figura entre os prioritários é a discussão de um documento sobre a questão agrária no século XXI. Será a palavra dos Bispos, de pastores, sobre um tema que tem implicações profundas na sociedade brasileiro e na vida dos pobres.

 

4. Queridos irmãos e irmãs, a todos peço que se unam a nós neste dia de Assembleia pela oração e pelo oferecimento das pequenas ações que semeiem a bondade e paz neste mundo. Assim, nossa Assembleia, com a graça de Deus, poderá mais eficazmente atingir o objetivo proposto nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil: “evangelizar, a partir de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária e profética, alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida (cf. Jo 10,10), rumo ao Reino definitivo” (DGAE, objetivo Geral).

 

Confiamos nossos trabalhos à Virgem Mãe Aparecida, em cujo santuário estaremos reunidos todos os dias desta Assembleia para a Eucaristia e em cujo recinto se desenvolverá nosso encontro de Pastores, tendo os olhos fixos em Jesus o Bom Pastor.

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida – SP
Presidente da CNBB